28 de abr. de 2010 | By: @igorpensar

Bipolaridade Espiritual

Por Igor Miguel

Amo analisar como cristãos compreendem o mundo a seu redor. Claramente se pode diagnosticar a visão de mundo de um cristão ou de qualquer pessoa por máximas que saem de seus lábios. Há alguns dias ouvi de uma pessoa evangélica: "A oração é para o mundo espiritual e o dinheiro é para o mundo material". Minha consciência se afligiu imediatamente, senti uma dor no estômago e não consegui parar de pensar nesta afirmação. Estava diante de um homem que sofria de bipolaridade espiritual.

Qual é o problema desta frase? Fiquei pensando no tipo de cristianismo que este sujeito anda recebendo. Fiquei pensando nos pastores que o ensinam e o doutrinam. Fiquei pensando nas músicas que ele ouve, ou nos livros que lê, se lê. Ou ainda o pior, como ele lê a Bíblia? Enfim, em que Cristo este cristão crê.

Não questiono sua salvação. Mas, fico pensando quão perversa é a forma como alguns ditos seguidores de Jesus vivem e pensam.

Todo problema reside na visão de vida. Há pessoas que entregaram a vida nas mãos do dinheiro, empurraram a vida do Governo de Deus para uma outra coisa. Restringiram o governo de Deus a uma realidade virtual, criaram uma esfera metafísica, translúcida e imaginária, onde Deus atua, e excluíram Deus da própria santidade da vida.

Como se não houvesse espiritualidade na própria vida, a vida como um todo; como se comer, vestir, trabalhar, comercializar, amar, estudar, fossem dimensões autônomas, seres animados, demiurgos, energias cósmicas ou espíritos elementares. Deram tanta autonomia às coisas criadas que a oração não alcança o dinheiro, a deusa fortuna, torna-se senhora, ídolo. Deus não tem competência para lidar com a vida. Não tem competência para lidar com realidade da dimensão humana, ao contrário, está restrito à liturgia eclesiástica, aos coros, ao universo gospel, aos púlpitos. Por isso, para eles, fora da Igreja quem governa é o cão, é Mamom, são os encostos, a corrupção política e a imoralidade.

Ora, este não é o Cristo que creio, não é o Senhor a quem foi dado todo poder nos céus e na terra. Se é Senhor, governa, tem a chave da morte e do inferno, pois é Senhor da Vida. Senhor de toda vida. Não há nada que não esteja sob sua jurisdição, sob égide de seu poder. Tudo se dobra diante dEle, potestades, principados, tudo se curva.

O problema é que a vida foi achatada, segregada, colocada em um gueto, como se espiritualidade fosse uma coisa manca, sem criatividade, sem vitalidade. Um fóssil enterrado à sete palmos de dogmas, cânticos e orações cheirando a mofo. Ora bolas! Que fé é esta? Quem pregou este evangelho? Com certeza não é esta a boa-nova que saiu dos lábios do Messias judeu, não foram estas as palavras que saíram de Sião e espalharam-se por toda terra.

Jesus criou uma escola da vida, do carisma, da criatividade, de homens que coloriram o mundo com a vitalidade, que proclamavam liberdade na terra, como no Ano do Jubileu, onde prisões eram abertas e cartas de alforria eram distribuídas.

Até quando veremos cristãos restringindo todo potencial criativo de Deus ao gueto de uma espiritualidade quase esotérica, mística e hermética. Até quando se pode tolerar um mundo animado por Gaia, regido por avatares, energias cósmicas?

Ora, o mesmo Deus que criou, criou com palavras, com decretos, para por meio de sua ordem sustentasse toda existência em torno do que Ele é. Toda existência deve reverenciá-lo e reconhecê-lo como Senhor de toda Vida.
Fez a lua para marcar o tempo; o sol conhece a hora do seu ocaso. Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva. Os leõezinhos rugem pela presa e buscam de Deus o sustento; em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis.Sai o homem para o seu trabalho e para o seu encargo até à tarde. Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas. (Salmo 104:19-24).
16 de abr. de 2010 | By: @igorpensar

Palestra: Intolerância no Oriente Médio

Palestra: Intolerância no Oriente Médio
Universidade de São Paulo
Palestrantes:

Peter Demant (Departamento de História e Instituto de Relações Internacionais da USP)
Israel, Palestina e Irã: É possível a coexistência?


Flavio Azm Rassekh (cineasta pós-graduado pela Universidade da Califórnia (UCLA) e especialista em Irã)
A Violação dos Diretos Humanos no Irã


Ania Cavalcante (Dept. Holocausto e Antissemitismo do LEI-USP e Profa. de Holocausto do Yad Vashem de Israel)
A Negação do Holocausto no Irã

Coordenação: Ariel Finguerut (LEA-USP)

Terça-feira, 27 de abril, às 19:30 horas

Local: Auditório Paulo Emílio, Prédio Central da ECA-USP (2. andar)

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária
Organização: GT Oriente Médio e Mundo Muçulmano do LEA-USP

Evento gratuito e aberto a todos. Informações: Tel: 3091-3150 / Email: aniac@usp.br

13 de abr. de 2010 | By: @igorpensar

Mentira: pragmatismo teológico

Por Igor Miguel

Sou professor de teologia, apesar de não me considerar um cristão pentecostal e não me considerar parte do movimento também denominado neo-pentecostal, grande parte de meus alunos são oriundos destes movimentos. Sempre falo nestes círculos sobre o cuidado que se deve ter no meio cristão com o pragmatismo teológico, que se resume na regra maquiavélica de que os fins justificam os meios. E infelizmente, em mais de 12 anos dedicados ao ensino a este povo, já vi de tudo, inclusive pessoas que fazem pregações, ilustrações, testemunhos mentirosos no seus púlpitos, justificando esta imoralidade com o pretexto de "ganhar almas". Eu sempre denunciei isso em minhas aulas. Os vídeos que veremos agora (abaixo), o primeiro é o testemunho do sr. Davi Silva, parte do time de obreiros do Ministério Casa de David, esta ministração aconteceu em uma igreja evangélica respeitada no Brasil. Não jugo os pastores que convidaram o Davi para ministrar lá, mas, levanto uma pergunta: por que há tanta falta de discernimento na Igreja? Por que as massas são tão facilmente enganadas? Por que as pessoas precisam tanto de "testemunhos" e tão pouco da Palavra de Deus? Veja a convicção de Davi - em contar seu testemunho - e observe a passividade dos milhares presentes na Igreja sendo manipulados por esta mentira.

Penso que já passou o tempo da Igreja Brasileira recorrer a um retorno radical às Escrituras, a uma compreensão sólida do Reino de Deus, e aprender a jugar e criticar com rigorosidade estes "testemunhos", e romper definitivamente com este pragmatismo teológico.

"Antes bem aventurados aqueles que não viram e creram." (João 20:29).

Os vídeos são chocantes:

Um testemunho???? Não! Uma mentira!





Agora, a confissão pública dela. Arrependimento? Tomara!



O Teatro Ídiche em São Paulo


O Centro de Estudos Judaicos tem a satisfação de convidá-lo(a) para o

Lançamento de livro: O TEATRO ÍDICHE EM SÃO PAULO, de Berta Waldman

Dia 17 de abril, às 16h30, no "Espaço Café" do Museu da Língua Portuguesa

A Casa Guilherme de Almeida iniciará, com o volume O teatro ídiche em São Paulo, de Berta Waldman (USP), apresentado por Jacó Guinsburg, a coleção Estudos & Fontes, dedicada a trabalhos nas áreas de cultura, história, literatura, arte, música, poesia e tradução, publicada em parceria com a editora Annablume. Enquadrada na série "Cultura / História" da coleção, a obra que, ao tratar da participação de imigrantes em São Paulo, afina-se com um dos focos de interesse de Guilherme de Almeida, a diversidade linguístico-cultural da cidade baseia-se em entrevistas realizadas com atores do teatro ídiche, e inclui imagens relativas ao tema colhidas no
acervo do antigo teatro Taib, no bairro do Bom Retiro, e no acervo do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro. O lançamento no Museu da Língua Portuguesa contará com uma breve exposição da autora sobre seu trabalho e com uma apresentação de canções tradicionais em ídiche, pela cantora Sonia Goussinsky.

Centro de Estudos Judaicos
Universidade de São Paulo
Av. Prof. Luciano Gualberto, 403
Prédio de Letras - Sala 105
São Paulo - SP - Brasil
cejudaic@usp.br
(11) 3813-6528
11 de abr. de 2010 | By: @igorpensar

Holocausto: Onde estava o homem?

Por Igor Miguel

Em dias de negação do holocausto, de oposição ao sionismo, penso que é fundamental esta breve reflexão.

Hoje se comemora o Yom HaShoá - יום השואה - Dia de Memória pelo Holocausto. Na verdade "holocausto" não traduz o termo Shoá. Shoá se traduz psicologicamente como um golpe de aniquilação e violência intraduzíveis. Sendo assim, a melhor forma de lidar com a expressão é preservá-la em seu formato original, mantendo sua intraduzibilidade.

Todo ano, para aguçar minha lembrança do que é a Shoá, lembro-me da frase de Abraham Joschua Heschel:
A pergunta sobre o holocausto não é 'Onde estava Deus?', mas 'Onde estava o homem?'.
Esta máxima de Heschel é multifacetada, como as máximas judaicas costumam ser. Esta frase desencadeia muitos processos na mente e no coração.

Na primeira metade do século XX a humanidade e a modernidade lançavam-se em uma fé cega no desenvolvimento, na ciência, na racionalidade e na tecnologia. Os dogmas antes afirmados pela religiosidade convencional, traduziam-se na era dos nacionalismos em termos de ideologias políticas e teorias científicas (desculpem a redundância necessária).

A solução final, a aniquilação dos judeus como resposta ao "problema judaico", foi posta em prática em uma articulação científico-multidisciplinar, em que engenheiros, químicos, biólogos, prestaram serviço à engenharia da destruição. De fato, o mundo foi uma coisa antes e depois de Auschwitz. Após os campos de extermínio houve uma decepção com as certezas científicas e com as pretensões da ciência, afinal, o mundo dito civilizado cometeu a maior barbárie da história.

Barbáries sempre existiram. Mas barbárie racionalizada, calculada, projetada cientificamente, nunca antes. Loucura? Não! Tudo foi matematicamente calculado.

Sem uma ideologia "lógica" não haveria a "insanidade", sem a "racionalidade" da filosofia nazi, não haveria a "irracionalidade" da Shoá. A ideologia do Partido Nacional Socialista bebia em várias fontes, tendo em vista satisfazer os diversos públicos da nação alemã:

1) Para os místicos e espiritualistas: a noção místico-pagã da teosofia da Madame Blavatsky de superioridade espiritual do povo ariano e a inferioridade espiritual da "raça semita".

2) Para os protestantes: bastava o panfleto luterano intitulado 'Os Judeus e Suas Mentiras'.

3) Para os políticos: o mito de conspiração judaica através da obra forjada 'Os Protocolos dos Sábios de Sião'.

4) Para os católicos: o anti-judaísmo presente em obras dos grandes teólogos da patrística, a noção dos judeus como "assassinos de Cristo", "deicidas", etc.

5) Para os filósofos: a concepção de homem superior de Friedrich Nietzsche e seu antissemitismo em obras como O Anticristo.

6) Para os cientistas: a teoria darwinista, que era a base da teoria eugênica de pureza racial e superioridade de raças.

Quando a doutrina nazista ascendeu e dissolveu a República Weimar em 1933, o fez a partir de uma cocha de retalhos, de discursos presentes nos vários setores da sociedade alemã. Do mar revolto subiu a besta que perseguiu os santos, sua fúria era contra a mulher, quis matá-la, abortar seu filho*.

O golpe foi violento! Um terço dos judeus do planeta foram aniquilados em 4 anos. Como a tecnologia de matança evoluiu nos 2 últimos anos da guerra (de 1944-45), no ritmo desta última fase, possivelmente os nazistas teriam aniquilado os judeus de todo planeta em mais 2 anos. Exagero? Não, absolutamente. Havia uma rede de trens, navios, transportes e espiões em todo mundo. O negócio foi sofisticado.

Hannah Arendt falava sobre a banalização do mal, que desumanizava tantos vítimas quanto agressores. A racionalização tinha a capacidade de anular a paixão, a paixão deveria se submeter à lógica. O afetividade e a sensibilidade deveriam ser domadas. Por isso, Sigmund Freud ao expor o poder deste lado "irracional" do homem, teve suas investigações tratadas como "doutrina judaica" e conseguiu fugir antes que fosse tarde. Era comum, pais de família que serviam a SS acordarem de manhã, beijarem seus filhos, rezarem o "Pai Nosso" e irem aos campos de extermínio matar judeus, como se fossem a um matadouro, assim o faziam por achar que prestavam um serviço à humanidade.

É impossível mensurar os prejuízos culturais e espirituais da Shoá. Se 70% dos prêmios Nobel são dados a judeus, imagine o prejuízo! Dos 18 milhões de judeus no mundo, 6 milhões foram aniquilados. Mas, como ouvi uma vez de uma pedagoga no Yad Vashem (Museu do Holocausto) em Israel:

Esqueçam os números, cada pessoa é um mundo!

Holocausto nunca mais!


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* Inspirado em Apocalipse 12 e 13.
8 de abr. de 2010 | By: @igorpensar

Ubuntu Screenshot

Pois é... como alguns já sabem, talvez outros não, eu não uso Windows em meu notebook por uns 3 anos. Hoje, me sinto tão livre, sem bugs, vírus, travamentos, aquelas coisas chatas que estressa todo mundo. Tem muito tempo que vivo... ISSO! Veja a foto do desktop, ou melhor, de um dos meus 4 desktops, pois configurei meu Ubuntu para 4 desktops em cubo. Não sabe o que que é isso? Desculpe! Você provavelmente usa o outro sistema operacional (tomara que vc tenha pago por ele, se não, é uma cópia ilegal). No Ubuntu tudo é free!

Clique na imagem se quiser vê-la em tamanho real.

Ubuntu for human beings...

Teologia de Deuteronômio no Rio-RJ

Prezados visitantes,

Todos estão convidados para a aula que ministrarei nos dias 19 e 20 de abril/2010 no CATES-RJ sobre o livro de Deuteronômio. Para quem não sabe, este é um dos livros mais fascinantes sobre ética, espiritualidade, cosmonomia, etc. Abaixo segue o índice programático do que será abordado.

Temas teológicos abordados:

Tema 1: Educação da Torá (Dt 4)

Tema 2: Cultura Monoteísta – rotina redimida

Tema 3: A Tríplice Redenção / Festas de Peregrinação (Dt 16:16)

Tema 4: A Palavra Crucificada

Considerações Finais

As aulas serão ministradas na Rua João Afonso, 29/101 - Humaitá - Rio de Janeiro - RJ (esquina com a Rua Humaitá) de 19 às 22 horas.

Não perca! Contatos: (21) 2527-1368