10 de jan. de 2011 | By: @igorpensar

O Israel de Deus [Artigo Especial]

Esse pequeno texto nasce como um parto, uma síntese teológica, de várias fontes a respeito da relação real entre Israel, a Igreja (eclesiologia) e a salvação. Se propõe a desmistificar dois erros extremos: de um lado o desprezo antijudaico ainda perseverante em alguns círculos do cristianismo, apesar das grandes discussões teológicas na relação entre judeus e cristãos. Por outro lado, a supervalorização do judeu de forma quase cega, que infelizmente em alguns meios pode por em risco a grandeza e sublimidade do fundamento e a centralidade do evangelho que é Jesus Cristo. Infelizmente, ambos os extremos comprometem uma compreensão clara dos textos paulinos. No primeiro caso, uma negação da fidelidade de Deus a Israel por meio da salvação que deles procede que é Cristo e dos judeus salvos. No segundo caso, o ofuscamento do comprometimento supremo de Cristo com a Igreja.

Peço aos leitores, que por gentileza, não leiam este texto de forma superficial e impulsiva, mas cuidadosamente, meditando e dando a devida atenção a algumas sentenças que podem parecer chocantes em um primeiro momento, mas depois elas comporão um grande quadro que revela a grandeza da salvação operada por Jesus através de sua Igreja.

40 comentários:

Helder Nozima disse...

Igor,

Bravo, bravíssimo! Fosse eu professor de Seminário seria leitura obrigatória de teologia bíblica do Novo Testamento. Parabéns!

Daniel De Luca disse...

Muito bom Igor!

Queria citar duas coisas:


1)Uma pergunta semântica:

Gálatas 6:15 Porque, em Cristo Jesu, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.
16 E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus.

Não parece aqui que Paulo faz menção daqueles que andavam sobre a regra (ser uma nova criatura) e sobre o Israel de Deus?

2) Quando sai um artigo sobre eleição?

Abraços,

Daniel

Paulo Dib disse...

Excelente texto primo.

Embora eu entenda a posição e o direito de Israel de ser participante na Igreja Católica (universal), sempre considerei os dois movimentos distintos.

Como diz o outro: uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa... rsrsrs

Excelente distinção vc fez entre o Israel étnico e o Israel Verdadeiro.

Grande abraço

Roberto Vargas Jr. disse...

Caríssimo,
Assustei-me quando você disse que eu ia me chocar. Mas acho que eu não teria porque, não? rsrs
Ótimo texto. Só que, meu caro, não no sentido do nacionalismo, mas tenho uma enorme nostalgia pelo sentimento de ser um povo, se é que me faço entender. Os cristãos, obviamente com exceções, parecem ter perdido esta noção completamente. Quando dizem "somos povo de Deus" normalmente querem dizer "sou salvo". Se é que me faço entender, de novo!
Grande abraço, meu mano,
No Senhor,
Roberto

Unknown disse...

É isso ai Igor! Excelente texto!

Ele veio para frear falsas doutrinas (disseminadas entre as igrejas hoje) sobre a relação entre o povo de Israel e o Corpo de Cristo. E, se não forem urgentemente barradas, gerarão seitas aberrantes como esta aqui: http://www.israelitas.com.br/.

Há também por ai algumas outras seitas que já pregam estas falsas doutrinas, mas de forma bem mais discreta e na surdina... mas mesmo assim não deixam de ser falsas doutrinas, que contaminam a mente e prática de pessoas sinceras em agradar a Deus!

Abração Igor!

Lucas Sanches disse...

Shalom Igor,

Aproveitando o momento e o conteúdo abordado, gostaria da sua ajuda sobre como explicar a seguinte questão:

"E veio a mim um dos sete anjos, que tiveram as sete taças cheias das derradeiras sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, e mostrar-te-ei a Esposa, a mulher do Cordeiro" (Apocalipse 21.9)

Sabemos que há uma tipificação da Igreja (judeus e gentios) como sendo a Noiva, conforme observa-se em Efésios 5.25:
"Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a congregação [εκκλησια] e a si mesmo se entregou por ela"

Contudo, como compreender o seguinte verso de Apocalipse:
"E tinha um grande e alto muro com doze portas, e, nas portas doze anjos, e nomes escritos nelas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel" (Apocalipse 21.12)

Como será feita uma distinção entre "doze" tribos em uma Igreja de judeus e gentios? Conheço a sua posição quanto a esta teologia, e exatamente por este motivo, gostaria da sua ajuda sobre o esclarecimento desta questão.

Permaneça sobre a graça de Yeshua.

Reflexão Teológica disse...

Belo texto, inclusive, hoje estava lendo o livro: Paulo, O covertido de Alan F. Segal, lançado no Brasil pela Paulus. Vou citar abaixo um pensamento do autor que me lembrou muito seu artigo.

"Nas cartas de Paulo há pouca evidência de que ele se visse deixando o judaísmo, embora estivesse consciente de que suas opiniões podiam ser interpretadas como transgressão. Ao invés disso, Paulo se considerava parte de uma nova seita judaica e esperava convencer tanto colegas cristãos quanto os judeus da sua visão de redenção. A percepção do aumento da distância entre judaísmo e cristianismo causou a Paulo muito sofrimento. Principalmente porque, a história posterior, julgou o cristianismo diferente do judaísmo. Hoje tal fato parece inegável, mas era pouco evidente no primeiro século. Paulo teria desaprovado tenazmente qualquer distinção entre sua fé e seu judaísmo, porque ele pregava continuamente a unidade em Cristo entre judeus e gentios. Porém, o fato de Paulo ter incluído proporcionalmente tanto gentios quanto judeus em sua comunidade foi ironicamente um grande passo para separar o judaísmo do cristianismo" (2010, p. 15 e 16)

Um abraço, Cláudio.

Lanussa Bello disse...

O texto realmente explicou de forma bem objetiva. Gostei muito!:)

P.S.:Esse extremo, acho que podemos comparar também, o lado da Igreja Católica Romana, em relação a 'Maria', exaltando-a e a Igreja Evangélica em nega-la completamente.

@igorpensar disse...

Me perguntaram se este texto é uma resposta a este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=L3jamNKqwlg ... minha resposta: Espero que seja uma grande pergunta.

Unknown disse...

E uma grande pergunta, Igor, merece uma grande e extensa resposta, não é mesmo?

Por menor que seja, um lampejo da Verdade de Deus escrita na extensão do papel virtual, sempre evidenciará uma grande Mentira do Homem gravada na extensão do vídeo digital... rsrs

Abraços mano!

Anônimo disse...

Ééé...devemos tomar cuidado com estes movimentos restauracionistas que pensam ter inventado a roda...

Paulo Dib disse...

Analisando o referido vídeo acima citado, eu entendi, segundo a concepção do preletor, que a salvação vem de Israel. A Salvação também é dada por Israel e através de Israel, só é alcançada por causa de Israel, pela graça de Israel e ai de nós se não fosse Israel.

Conclusão, Jesus foi apenas um acessório utilizado para que Israel disponibilize a salvação aos gentios.

Só faltou ele nos dizer para morarmos em Israel.

A separação entre judaísmo e cristianismo era nítida já nos tempos apostólicos, visto que o cristianismo surgiu de uma "seita" judaica. A própria palavra latina 'secta', de onde deriva seita indica separação. Só não enxerga isso quem não quer.

Ademais, para que não houvesse separação seria necessário que todos os judeus aceitassem a Jesus como Messias e salvador, coisa que não ocorreu (Veio para o que era seu, e os seus não o receberam - João 1.11)

Defender os direitos de Israel e as raízes judaicas do evangelho é uma coisa, querer judaizar o cristianismo é outra.

A judaização de gentios nada mais é do que o mesmo erro que a Igreja cometeu, só que às avessas.

Rodrigo Rosa disse...

Posso estar enganado, mas Cristo não é só o Caminho, mas também a Verdade e a Vida. Se tenho vida hoje, é porque sou chamado do meu fracasso, que me leva à morte, para a única via que pode me dar a Vida.

Entendo que por Israel ele veio, assim determinado por Deus, o povo escolhido para revelar aquele que traria a redenção, mas o propósito dEle é para todos os povos, a redenção de toda a criação.

Creio que promessas devem nos trazer esperança, mas se colocarmos as promessas na frente daquele que promete....

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto Igor. Muito esclarecedor aos critãos e um cala-boca [definitivo] nos judaizantes modernos.

Eric disse...

Texto excelente, Igor.
Coloca Jesus como ponto fundamental em tudo e em todos. Explica de forma coerente como interpretar o enxerto. Mostra que tanto no AT como no NT a idéia pressente era os fiéis (eleitos) em Jesus (Messias). Descarta a idéia errada da judeolatria. Descarta a idéia errada do antisemitismo. E mostra de forma simples quem são aqueles considerados o Israel de Deus.
Igor, posso postá-lo em meu Blog?
Um abraço, meu irmão.

Anônimo disse...

As seitas têm alguns pontos em comum em todos os segmentos, dentre os quais destacam o fator restauração. Exceto o cristianismo, todas as religiões e seitas alegam ter restaurado alguma coisa.
A tarefa de dissociar-se da igreja contemporânea e criar um vínculo direto com a igreja primitiva apostólica exige algumas coisas. O movimento sectário precisa ancorar-se em algo que o justifique aos olhos de seus membros e lhes empreste confiabilidade. Isso pode significar criar sofisticados ensinos que validem a existência de seu movimento.

Ferreira

Flávio Valadão disse...

Boa tarde igor!
Conforme vamos buscando conhecimento nos deparamos com muitas "meias verdade" que nos foram impostas pelos sacerdotes como uma verdade.
e passamos a ter o entendimento que essas verdades não podem nem ser chamadas nem si quer de "meia verdade".
Gostaria de saber qual a sua visão sobre a maneira que a palavra ecklesia é usada e como na verdade ela é .
Será que o termo usado igreja esta eroneamente errado? sendo destinada a um templo e não a pessoas? é certo aglomerar pessoas em uma denominda congregação? assim não estariamos indo a contrariedade a palavra de Deus?

Um forte abraço
Flávio Valadão.

Anônimo disse...

Igor,

Não é difícil desenvolver um texto com certa lógica. Mas pode este texto estar muito longe da verdade bíblica, ou seja,considerar toda revelação bíblica. Vários pontos que serviram de base para seus argumentos estão fora de contexto ou incompletos.
Nem vou discutir teologia, mas um pouco de conhecimentos gerais basta para não confundir: que RAIZ é diferente de TRONCO que é diferente de BROTO ou RENOVO. Só com esta confusão voçê consegui concluir suas idéias. A bíbia diz que Jesus é um renovo, um broto, nunca raiz. Confusão pura, seu texto. Jesus jamais se comparou com uma oliveira, mas com uma videira.

Anônimo disse...

Igor,

É coerente considerar os salvos em Jesus - a Igreja - sendo a oliveira, mas temso que considerar partes específicas como Paulo destaca: raiz e ramos. Além disso, há uma promessa, específica, que não está falando de salvos.
Basta ver que Paulo termina o versículo assim: " E TODO ISRAEL SERÁ SALVO" O verbo está no futuro, não no presente como falando dos salvos. Então vemos duas idéias bem diferentes. "e afastará as impiedades de Jacó": até onde vai meu entendimento, Jacó nunca representou os crentes, mas os judeus, de descendência mesmo. Seu texto está um pouco incoerente.
Em Apocalipse, livro final, há sempre uma diferenciação entre as 12 tribos (a nação judaica) e os que foram "lavados pelas vestes do cordeiro". Ver principalmente verso 4 e 9.

@igorpensar disse...

Olá anônimo (acima);

Obrigado por objeções, vamos tratar dois pontos:

Você disse:

1) "A bíbia diz que Jesus é um renovo, um broto, nunca raiz" como afirmo claramente em meu argumento e reafirmo, que a interpretação de Isaías 11 como a raiz ligada ao Messias, não é minha é do próprio autor de Romanos 11 (Paulo) que diz no capítulo 15:

"Outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, E naquele que se levantar para reger os gentios, Os gentios esperarão." quem é este? Jesus, obviamente.

2) A expressão "todo Israel" é objeto de debate, certamente, mas não tenho dúvida, que é uma expressão abrangente, referindo-se não ao Israel Étnico unicamente, nem ao judeus crentes isoladamente. Mas, a toda comunidade do povo de Deus, composto de judeus e gentios, a comunidade remanescente. Ao menos esta é a ideia de "comunidade de Israel" em Ef 2:12.

Grato por seus comentários, me ajudaram a deixar mais claro algumas posições no texto.

Em Cristo,
Igor

@igorpensar disse...

O texto é Romanos 15:12: "Outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, E naquele que se levantar para reger os gentios, Os gentios esperarão."

Anônimo disse...

Igor,

Pode ser que não tenha dúvidas quanto o que seja Israel, porém, pense um pouco: no verso 25 de Romanos Paulo afirma: Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos - que alerta heim?): que o endurecimento veio em parte sobre Israel(que voçê considera Igreja), até que a plenitude dos gentios haja entrado. Se voçê considera Israel como Igreja, será que nossa amada está endurecida para que os gentios conheçam o evangelho? Não faz o menor sentido.
Paulo conclui no verso 26 e 27: E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador(para os salvos -Igreja- Jesus já veio, concorda?), E desviará de Jacó as impiedades. (Jacó sempre representou os judeus, nunca as nações.
E finalmente, Rm 11:27 Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós (nações); mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Preste mais atenção: Nunca vi crente ou salvo ser inimigo do evangelho. Óbvio que neste caso Israel significa mesmo o povo judeu (que ainda não conhece o evangelho), e não os crentes,os salvos.
Biblicamente sua tese não se sustenta. Neste contexto de Romanos 11 Israel é o povo judeu, jamais a Igreja.
Temos que entender todo plano de Deus para louvarmos como Paulo faz no final do capítulo.

Em tempo; Efésios 2:19 fala da família de Deus (ai sim, Igreja), judeus e os gentios que pelo Messias se aproximaram da comunidade de Israel. Veja, não existe Igreja gentílica, só a comunidade de Israel.

Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne;
2:12 Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.
2:13 Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. De quem? Da comunidade de Israel.
Vê que Paulo fala de comunidade, mas continua especificando judeus (comunidade de Israel) e gentios.
Concordo, neste contexto de Efésios, que os gentios passam a fazer parte da comunidade de Israel). Raciocínio lógico: Se Comunidade de Israel é, neste contexto, a Igreja (porque engloba os gentios crentes), então não faz o menor sentido tantas denominações (leias-se igrejas) criadas pelos gentios. As nações é que passam a fazer parte. Só que hoje, as igrejas (nações) insistem estar à parte da comunidade de Israel.
Vê que tudo aponta para a comunidade de Israel.
Parafraseando: Simples assim!

@igorpensar disse...

Prezado anônimo,

Você não me disse que se ficou claro pra você que a "Raiz de Jessé" é o Messias. Acho que ficou claro que Paulo também interpretava que a raiz era o Messias.

Minha teologia é cristocêntrica, não judeucêntrica, esta é a diferença básica. Claro que a oliveira é Israel. Mas, que Israel? Paulo deixa claro nos capítulo 8, 9 e 10, que ele se refere não a todo "israelita" o Israel étnico somente. Até porque eles foram "quebrados da oliveira", permanecendo somente um "remanescente segundo a fé". Quem são estes, se não a Igreja (Kahal) do Senhor, que sempre existiu desde o Antigo Testamento? Uma comunidade composta de verdadeiros israelitas, o Povo de Deus, sem dúvida, estão lá todos os israelitas piedosos: Moisés, Davi, Isaías, Jeremias, Daniel e por aí vai... este Israel (Verdadeiro Israel) sempre foi constituído por Deus na promessa messiânica, na revelação messiânica que é Jesus. Este é meu argumento. A oliveira não são todos os judeus indistintamente, este já era o argumento de Paulo. Esta "Igreja" (Kahal/Ekklesia) é a hospitalidade abraâmica, a tenda para os de língua estrangeira, que acolhe primeiramente os judeus (por uma questão histórica, sendo eles a origem disso), mas ainda assim, uma Igreja com vocações universalistas, aberta conforme os profetas para acolher as nações.

Observe, que neste ponto concordamos, é apenas uma questão simples. Quando falo "Igreja" você vê o cristianismo tardio apenas. Eu vejo a comunidade invisível do Senhor, a mística Igreja, que existia com os israelitas no deserto: "congregação no deserto - [εκκλησια εν τη ερημω]" (Atos 7:38).

Claro que o final de Romanos 11 se refere a salvação dos judeus, não tenho dúvidas. Entretanto, quero entender o trecho "todo Israel será salvo" em uma perspectiva, de que Todo Povo de Deus, inclusive os gentios, serão salvos. Mas, neste ponto prefiro ver a promessa de Israel expandida, e lá as nações atraídas (Is 11). Mas, claro a profecia do desvio das impiedades de Jacó é uma referência aos israelitas.

Enfim... continuemos pensando... mas, não é tão simples assim.... :-D

Igor

Anônimo disse...

Igor,

O verso diz:

PORQUE brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.

Leio no verso que Jesus é o rebento, um renovo, que brota do tronco, ou seja: temos uma raiz, um tronco e deste tronco ou de suas raízes surge um renovo. Fica claro que Jesus não é o tronco, nem a raiz, mas o rebento, o renovo. Assim, se o renovo é jesus, fica tranqüilo saber quais são suas raízes e em que tronco está ligado. É o que leio.

Anônimo disse...

Igor,

Jesus tem raízes. Toda nação de Israel e toda uma geração foi formada pelo Deus de Israel para que ele viesse.
Ele é o Messias da Casa de Israel.
O Deus de Jesus é o Deus de Israel, veja:
1ª Pedro 1:3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos ...

Anônimo disse...

Igor,

Em tempo: A Igreja é como Paulo a explica aos Efésios. Esta é a Igreja do Messias de Israel, Cristo Jesus.
As nações, sem Deus, se aproximam, através do Messias, da comunidade de Israel, do Deus de Israel. Esta não é uma Igreja tardia como voçê diz, mas como vê, a única Igreja.
Até antes do nosso Messias, quem queria servir o Deus de israel passava a fazer parte do seu povo.
O Deus de Israel não muda:
Rute 1:16
"Não me instes para que te abandone, e deixe te seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;
Hoje, através de Cristo Paulo explica:
"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne;
2:12 Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.
2:13 Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto." De quem? Da comunidade de Israel.
Nem precisa de interpretações. Paulo é muito claro.

@igorpensar disse...

Olá anônimo,

Observe que Paulo se vale de uma interpretação diferente. Sua sistematização de Isaías 11 é legal, mas não estava na cabeça de Paulo, que cita o profeta parafraseado. Então, para que fique claro, me diga como você interpreta este texto de Paulo, quando cita a profecia?

Romanos 15:12: "Outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, E naquele que se levantar para reger os gentios, Os gentios esperarão."

A "raiz em Jessé haverá" é o Messias. Ou no mínimo a linhagem messiânica de David... não é uma referência a todos os judeus indistintamente de qualquer forma.

Anônimo disse...

Igor,
Interpreto, segundo as escrituras, que o termo “raiz”, no singular, tem conotação diferente de raízes. Raiz, neste caso, significa origem, novo vínculo, ou mesmo com o sentido de broto, renovo como já explicitado pelo profeta Isaías. O significado é o mesmo, até porque o profeta diz que irá “levantar”, crescer, subir. Raízes não se levantam. Portanto Cristo Jesus está no tronco de Jessé. Nesse renovo, Jesus, devemos estar enxertados, tanto judeus como os que não são judeus.
Voltando a questão em Romanos 11 de a Igreja ser Israel, somente podemos conceber Israel significando “igreja”, se somente se, for no contexto de Efésios, respeitando as raízes da nossa fé, com os gentios se aproximando da comunidade de Israel, tornando-se juntamente com os judeus herdeiros das promessas. Vê que Paulo diz: éreis gentios. Assim, a comunidade de Israel, com judeus e gentios crentes, pode ser considerada igreja, concordando com o que você pensa. Então não existem igrejas gentílicas, até porque “éreis gentios”. O grande problema é o conceito distorcido de igreja hoje, já que poucos entendem o que Paulo explica em Efésios. Perderam-se as raízes. Penso que todas referências a Israel em Romanos são realmente para os judeus e que quando fala dos gentios é para as nações; porém quando acaba de descrever como se deu o processo de formação da igreja, ou do Israel salvo, como queira, Paulo então usa o termo Israel de forma diferenciada, com um artigo definido: “o Israel” e o verbo salvar no futuro, considerando, portanto somente os que não forem arrancados, afinal salvação se perde e é para ser desenvolvida, como ele mesmo afirma.
Sob esta ótica, desde que no contexto de Efésios, com os gentios se aproximando da comunidade de Israel, podemos considerar que a expressão “Todo o Israel será salvo” está falando da Igreja, ou Israel salvo. Mas fora do contexto de Efésios, Paulo certamente não usaria o termo Israel para significar igreja. Paulo usaria o termo próprio “igreja”, já que o termo igreja é amplamente utilizado em Atos e tantas vezes por Paulo até mesmo na Carta aos Romanos: 16:1 e 16:5, por exemplo.

@igorpensar disse...

Prezado anônimo,

Então me diga claramente, em uma frase: O que é a raiz de Jessé?

Igor

Siegfried Ben Midgard disse...

Olá, Igor. Só tenho uma colocação a fazer: Já que tratamos aqui sobre enxerto, reenxerto, salvação da casa de Israel, por que não escrever sobre as duas casas (Israel e Judá)? Sabe, eu vejo uma guerra por conta de salvação da igreja gentílica com os judeus e biblicamente há distinção entre o reino de Judá e as 10 tribos perdidas que formam o reino de Israel.

Há inclusive promessa de restauração para essas tribos e versículos bíblicos que enfatizam isso como:

"Então disse ele: Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o SENHOR: Estes não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa." 1Rs. 22:7

"Assim diz o Senhor DEUS: Ainda por isso serei solicitado pela casa de Israel, que lho faça; multiplicar-lhes-ei os homens, como a um rebanho." Ez. 36:37

"Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;" Mat. 10:6

"E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel." Mat. 15:24

Pode parecer meio off-topic, mas acho que faz parte do plano da salvação, não é mesmo? Parece que nem foi um comentário e sim uma sugestão. Mas fico no aguardo...

P.S.: Ainda estou terminando de ler seu artigo, mas como sempre leio um ou outro artigo seu, reparei que você tem um modo peculiar de escrever e antes de tecer julgamentos, eu aguardo a segunda parte.

Até a próxima...

Rodrigo Moraes disse...

Grande Igor!

Excelente texto! Teologia é ruminar, e não engolir...vejo que você tem feito isso muito bem.

Apenas discordo de você quando você comenta que "Paulo permaneceu praticante de seu judaísmo por questões apenas culturais" e "Um judeu que crê em Jesus pode permanecer fiel a sua identidade judaica, apenas por questões de natureza
cultural e vocacional."


Entendo que a Torah, toda ela, aponta não apenas para a vida de Jesus, mas também para a sua obra, passada, presente e futura. Por exemplo, Paulo explica em Col 2 que as festas eram sombras daquilo que haveria de vir, ou seja, toda a Lei tem um sentido profético do que aconteceu e ainda acontecerá com a humanidade. Hb 10:1 diz que a Lei é "a sobra dos bens futuros".

Nesse sentido, vejo que Deus escolheu o povo Judeu como responsável para carregar estas profecias, que apontam sempre (telos) para a vida e obra de Jesus na Terra. E, como a obra de Jesus na Terra ainda não acabou, o povo judeu ainda deve continuar com as Leis.

É como entendo, uma questão de responsabilidade. As profecias estão embutidas nas mitzvot. As mitzvot são de caráter "ledorotam brit olam". E Deus preserva Israel até o fim para que as profecias sejam preservadas até o fim.

Vamos ruminando...

@igorpensar disse...

Olá Rodrigo,

Obrigado por suas impressões, sempre bem vindas desde os tempos antigos. :-)

Quando digo "cultural e vocacional" digo neste sentido. Os judeus devem permancer fiéis aos aspectos culturais que lhe cabem (aqueles compatíveis com a Nova Aliança) por questões vocacionais. Entretanto, observe, que este elemento não pode ser "super valorizado", pois este tratamento está ausente nos textos apostólicos. O próprio Paulo, quando compara tais práticas identitárias com o conhecimento de Cristo, os considera "refugo". Ele não as ignora, mas as coloca em seu lugar ante tal ligação com Jesus.

O objetivo do texto é colocar as coisas em seus devidos lugares, e evitar uma teologia judeucêntrica, onde deveria ser cristocêntrica.

Abraços, e como vc diz... vamos ruminando.

:-)

Igor

Ii.rnascimento disse...

Caro Igor,

é possível uma explicação então, visto Israel e gentios serem a Igreja ou o verus Israel conforme o artigo, porque em Atos dos apóstolos vemos uma preocupação por parte dos discipulos: Atos 1:6, e esta preocupação não foi recriminada e Jesus disse pra não se prenderem a esse tempo.

Anônimo disse...

Tive um certo preconceito pelo título, e por vc ter rompido com o movimento JM. Mas êh um excelente texto.
Concordei com muita coisa, quase td.
mas forcou a barra chamando de igreja os judeus fieis do antigo testamento.

Com sinceridade, parece que vc tah meio magoado com o JM e por isso fica atacando a teologia dos caras.

Mas tb percbo q vc absorveu muito conhecimento do judaísmo e que não êh mais um reformado ou neooreformado antisemita.

Mas para com essa história de igrejas históricas, pais da igreja, liturgia, lutero, Calvino, tradição crista, td isso êh ladainha. Rsrs

Abracao efica na paz do nosso Senhor Jesus o Messias

@igorpensar disse...

Olá Renato,

Não tem mágoas em relação a judeus-messiânicos de verdade, que sejam ortodoxos, trinitários e respeitam a longa tradição cristã e o cristianismo histórico. O problema é que a maioria esmagadora dos ditos "judeus-messiânicos" no Brasil se afastaram disto há muito tempo. Tem raríssimas exceções. Este "raros" ainda tenho relacionamento e sou amigo.

Quanto a meus vínculos históricos e minha confessionalidade não acho que é ladainha, é honestidade. O que vejo é que os que não se identificam com "nada" são reprodutores de diversas teologias. Ou são restauracionistas, dispensacionalistas, emergentes ou liberais, só que sem o mínimo de ombridade de se identificarem como tal. Não existe, neutralidade teológica. A propósito, "ladainha" não é um argumento muito consistente a minha posição, esperava um argumento um pouco mais preciso.

Quanto ao argumento de Igreja do Antigo Testamento é uma questão simples, que judeus-messiânicos (kosher) e não os "fakes" concordariam sem desconforto, basta olhar que a expressão קהל (kahal) o equivalente hebraico para εκκλησια (eklesia) - Igreja - ocorre em dezenas de textos na Bíblia Hebraica (AT). Neste caso, Calvino estava sendo fiel ao original.

No ressurreto,
Igor

Kal disse...

È lastimável meu caro e ainda haver Igor, pra quem falava e ensinava que a graça não anulou a torá, sobre Yeshua e o Talmud, sobre o nome Yeshua e muitos outros estudos,, é uma lástima, ao saber da sua abidcação, sinceramente entendo o que você quer dizer, mas não justifica, me doeu ao saber que você se retratou não sei de quê,,,

@igorpensar disse...

Prezado,

"Gehinon Ibn Azazel" minha retração deve-se ao despertamento de um sono que você desfruta. Não dá pra falar para moribundos, como eu era outrora. Observe: minhas escolhas devem-se unica e exclusivamente aquilo que Paulo considerou como primazia de seu ministério "O Conhecimento de Cristo". Procurei, mais nada saber, exceto, Cristo crucificado.

Que bom que aquele Igor foi crucificado, que bom, que perdestes a admiração por alguém que alimentava e retroalimentava sua excitação religiosa. Mas, isto tudo não passa de poeira e ídolos, ante as delícias de uma vida centrada na suficiência daquele que venceu a morte.

Escolhi a melhor parte: um pecador arrependido imerso na realidade que Jesus inaugurou.


Que Deus se revele em graça e descortine Cristo, que destrói nossa cobiças eficazmente.

Igor

Unknown disse...

Isaias 11:1 diz "Eis que um ramo surgirá do tronco de Jessé e das suas raízes um rebento brotará!"

Romanos 15:12 diz: "Outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, E naquele que se levantar para reger os gentios, Os gentios esperarão."

Alguem notou algum problema? Porque Paulo altera o que o profeta esta dizendo? De onde Paulo tirou esse texto?

@igorpensar disse...

Prezado Seek Wisdom, Paulo tirou literalmente da Septuaginta (LXX), o texto grego do Antigo Testamento. Observe que a referência aparece aqui listada: http://www.scripturecatholic.com/septuagint.html

Citação na íntegra do texto da LXX de Isaías 11:10: καὶ [e] ἔσται [acontecerá] ἐν τῇ ἡμέρᾳ ἐκείνῃ [neste dia] ἡ ῥίζα τοῦ Ιεσσαι [a raíz de Jessé] καὶ ὁ ἀνιστάμενος ἄρχειν ἐθνῶν [que se levantará/erguerá para governar sobre as nações/gentios] ἐπ’ αὐτῷ ἔθνη ἐλπιοῦσιν [nele os gentios esperarão].

Unknown disse...

Igor fantástico... Joga por terra a tese dispensasionalista de que existe uma distinção entre Israel e a Igreja no programa de Deus. Muito esclarecedor!