13 de dez. de 2010 | By: @igorpensar

Doce Comunidade

Por Igor Miguel

Tenho vivido dias modestos. Dias de simplicidade, de valorizar coisas básicas, criar expectativas próximas. Nada muito grande, sem pretensões ou sonhos aprisionadores. Descobri que a forma mais agradável de se viver é viver em comunidade.

A graça me beijou, meu coração enche-se de gratidão. Quando oro a oração que Jesus me ensinou, quando chamo Deus de Pai, alguma coisa me integra a uma multidão de mártires, peregrinos, a uma grande nuvem de testemunhas (Hb 12:1): homens, mulheres de desertos, de monastérios, de cidades, de universidades, de fogueiras, de livros, alguma coisa me inclui na cidade de Cristo, a Cidade de Deus.

Em comunidade vejo rostos familiares, uma família milenar, ao redor da mesa da comunhão, na sacralidade do partir do pão, do misterioso sacramento, que emerge da páscoa, shulchan arúch, mesa posta.

Quando seguro o pão, quanto pego no cálice da Nova Aliança, diante do banquete sacramental, alguma coisa me coloca na mesa da última ceia, ouvindo cantigas e salmos, com a presença de discípulos covardes, amados e traidores, lá estão todos reunidos, com riscos, alegrias, fraquezas e amor.

Comunidade... mesa eucarística[1], de comunhão, edificados não no Monte do Templo, agora, construídos sobre a Pedra Angular, sobre o fundamentos dos apóstolos e profetas: Jesus Cristo.

Uma comunidade universal. Nela a linha entre o existente e não-existente, incluídos e excluídos, se dissolve, porque lá todos se aproximam para se tornar um em Cristo. Evangelho da paz para que os estavam perto e para os que estavam longe (Ef 2).

Lá na comunidade, na comunhão dos santos, como assevera o credo, cresce um interesse pelo que é o outro. Uma curiosidade irresistível de saber como aquele que chamamos irmão vê a Cristo: será que com o mesmo olhar? Será com a mesma alegria? Que história o Espírito de Adoção inscreveu em sua história?

Perguntas silenciosas, que perpassam biografias, causos dramáticos, que compõem uma grande comunidade chamada: IGREJA.

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[1] Eucaristia significa comunhão.

10 comentários:

Jefferson CEBNA disse...

Meu brother,a descrição que foi por você feita a respeito de se viver em comunidade e o grande mistério do Sacramento trocou os "meus óculos",ser conectado aos mártires da igreja,trazendo a realidade da eternidade que nos foi proposta pelo Pai,quando através de Yeshua nos conectou a ELE.Quando me disponho a viver em comunidade,me aproximo d'Ele e aprendo a entender e amar meu irmão...
Obrigado pela palavra e disponibilidade,em nome da comunidade agradeço!

Metushelach Cohen "מתושלח" disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jorge Fernandes Isah disse...

Oi, Igor!

Infelizmente, muitos desprezam a igreja, como se ela dependesse do membro, e não o contrário. Muitos se consideram tão melhores que ela, que se recusam a participar do corpo local. E isso tem-se espalhado como uma praga, pois dá a idéia de que existe uma espécie de Cristianismo individual, solitário. E acabam por se privar daquilo que você relatou, da comunhão, da participação, do repartir, do dividir para multiplicar.

Uma lida no livro de Atos nos revela o que é a igreja e qual o papel que ela desempenha na história para a glória de Deus. Muitos se contentam com o participar da igreja universal, invisível, mas esquecem-se de que Cristo instituiu a igreja visível, o corpo local, pelo qual homens e mulheres serão agregados à invisível, realizando a obra que ele nos destinou fazer.

Parabéns por seus textos impregnados de doxologia, de louvor e glória ao nosso bom Deus.

Cristo o abençoe, meu irmão!

Grande abraço!

PS: Posso republicá-lo?

@igorpensar disse...

Olá Jefferson,

Pois é. Antes eu achava que comunhão e vida comunitária, pode ser algo produzido, sinteticamente organizado. Alguma coisa que envolvesse atividades estratégicas ou ativismo plástico. Descobri que comunidade é uma dádiva, um dom, a comunhão brota naturalmente, quando Cristo é assumido e o evangelho é claramente disponibilizado. Daí, a comunhão e o amor, são derramados como dom, diretamente de Deus. Por outro lado, comunidade envolve o risco, pois se na mesa da última ceia, lá estavam traidores, negadores e amados, não penso que a Igreja hoje será diferente. Neste sentido, comunidade envolve amar mesmo o que pode trocar por moedas de prata.

Foi bom D+ ter convivido com vocês no último final de semana.

Abraços!

@igorpensar disse...

Prezado Jorge,

Muito obrigado pelas considerações. Você tocou em um ponto fundamental: o problema do individualismo. Expressões de culto e experiência religiosa de instância privada é um problema moderno, tem raízes no individualismo iluminista. Infelizmente, ainda não descobrimos que a salvação, mais que alguma coisa que opera no indivíduo é uma ação de Deus para constituir uma "CIDADE" para sua glória, um CORPO. Neste sentido, gosto muito do Pai Nosso, pois me integra (mesmo em momentos devocionais) a orar como comunidade, daí o uso do pronome plural: NOSSO.

Fique à vontade, a casa é sua!

Abraços,

Welbert disse...

E ai meu irmão.
Conheci seu Blog ontem, é muito bom.
Que Deus continue a inspirar vc meu irmão.

Abraços

Unknown disse...

Igor... que texto lindo! Fui profundamente tocado quando li... e indiquei a pessoas que tenho certeza que precisarão lê-lo e serem tocados também!

Abraços mano!

Thaís Santos disse...

Amei o texto, professor.
Viver em comunidade é maravilhoso e isso deveria ser uma necessidade,mas está se perdendo. Hoje, as pessoas se encontram nas igrejas, muitas vezes, em outro sentido. Querem simplesmente "marcar presença". Não se busca mais o ser "um". O corpo. Busca-se viver o evangelho do próprio umbigo. É ir à igreja para ter o MEU milagre, para que MINHA família, para que MEUS SONHOS, para que Deus faça por MIM...
Viver, aprender, buscar em Deus juntos, unidos é algo maravilhoso.
Esse texto encheu meu coração!
Deus te abençoe sempre e muito.
Abraço

Tijs e Kelly van den Brink disse...

Muito bom Igor!

É maravilhoso vivermos na comunidade do Corpo de Cristo, apesar de todos os defeitos que vemos na instituição Igreja, ela continua sendo o Corpo de Cristo, e nela experimentamos a Plenitude Dele que é tudo em todos nós. A comunidade é um dos conceitos fundamentais mais esquecidos na Igreja hoje...

Como o Erike também fui profundamente tocado...

Clausarmento disse...

Ei mano, muito bom o texto!!! Tenho pensado justamente nesse precioso ajuntamento dos santos!! Pena que as pessoas confundem a Igreja do Senhor com a instituição escravizadora. Como é bom viver na comunhão dos santos do Senhor!!