29 de jan. de 2015 | By: @igorpensar

Feliz pra burro!

Felicidade é uma das coisas mais difíceis de definir. Devida a sua complexidade, muita gente, por ser partícipe de uma preguiça culturalmente propagada, acaba adotando uma versão apressada, por isso superficial, de felicidade. Para os tais, ela é algo que se sente, que faz bem, que dá 'paz de espírito', algo 'gostoso'. Gente assim, gente como a gente, confunde felicidade com barato, balada, desempenho sexual, entretenimento, compras ou prazeres narcísicos.

Não poucas vezes, na cabeça de muita gente, felicidade é "privação de sofrimento". Neste ponto, volta-se a um tipo de intolerância à contradição ou privação, uma certa baixa resistência existencial. Daí, encontra-se gente quebradiça e com alto grau de vulnerabilidade emocional. Geralmente, pessoas instáveis e superficiais nas relações interpessoais, profissionais e religiosas. Qualquer coisa que contradiga suas paixões, seus desejos, é descartado, e mais uma vez lança-se à repetição ou à intensificação das experiências. Afinal, aprofundar-se exige tempo e trabalho, então quanto mais prazer se consegue extrair de experiências e relações superficiais, melhor (estou sendo irônico).
 
Hoje em dia, é um tesouro encontrar mulheres profundas, sensíveis e inteligentes, como é raro encontrar homens profundos, sensíveis e inteligentes. Ironicamente, no final do dia, continua-se triste, vazio e com o coração oco. E a felicidade? Talvez esteja entre os resilientes, os que encontram sentido no sofrimento, ou entre os que já se cansaram de fazer esta pergunta.
22 de jan. de 2015 | By: @igorpensar

Católicos Evangelicais e Tridentinos

De acordo com o estudioso católico George Weigel o grande esforço da Igreja Católica Romana, principalmente, a partir do Papa Leão XIII é enfatizar a associação catolicidade e evangelicalidade. Outrora, em resposta à reforma protestante, a partir de Trento, a ICAR quis afirmar sua unidade por uma ardorosa defesa de suas fontes de autoridade (Escritura, Tradição e Magistério). Entretanto, esta ênfase, segundo alega Weigel, fez com que o cristianismo em seu formato católico perdesse força e relevância em uma Europa crescentemente pós-cristã e secularizada. Curiosamente, em nossos dias (inclusive no Brasil) há um movimento dentro da ICAR que é o recente número de jovens católicos que apreciam justamente o formato clássico de catolicismo (pré-Vaticano II), a turma gosta de rito tridentino (missa em latim, sacerdote de costas etc) veja aqui: http://oglobo.globo.com/…/missas-em-latim-com-padre-de-cost…. Já conversei com amigos por aqui, que meu desconforto com este movimento é que ele vai na contramão de uma série de esforços no sentido de dar uma ênfase em uma catolicidade que se constitui em sua evangelicalidade. Penso em Vaticano II, documentos como Dei Verbum, Verbum Domini, Lumen Gentium, Evangelii Gaudium e a Nova Evangelização. Esses jovens que apreciam Trento e a liturgia tridentina são em sua maioria aderentes de uma cosmovisão conservadora (amam G.K. Chesterton, Russel Kirk e Roger Scruton), isto tem seu lugar. Porém, fico pensando, até que ponto isto não é uma modinha contraproducente. O livro de Weigel é fundamental pra entender uma outra via que a tradição católica oferece, e que eu, como protestante aprecio: Jesus Cristo precisa voltar a ser (re)enfatizado como o núcleo da catolicidade. Aos irmãos evangélicos mais anticatólicos, minhas desculpas, mas tenho profundo interesse no diálogo com católicos. Em um mundo secularizado, não vejo outra opção.

Referência bibliográfica: http://www.amazon.com/Evangelical-Catholicism…/…/ref=sr_1_1…
9 de jan. de 2015 | By: @igorpensar

Kuyper e Islã

"O fato é que o poder político do Islã foi prejudicado pela superioridade europeia. Não há sinais de mudança neste sentido. No entanto, o Islã mantém plenamente o seu poder espiritual e resiste a todas as tentativas de mudança neste sentido. Ao contrário, ele goza de certa expansão gradual graças a sua energia dinâmica e, ao movimento pan-islamista. Por causa de seu método de penetração pacífica, o Islã é deixado quieto em si mesmo, precisamente porque se percebe que internamente ele é invencível. A declaração de guerra santa, ou jihad, poderia causar um banho de sangue simultâneo e em diversos lugares, mas isso não seria capaz de devolver a soberania sobre o mundo para o Islã. Mas, mesmo que o Islã, de agora, não tenha nenhuma chance de dominação mundial, ele nunca abandonará este ideal. O caráter terreno deste ideal colocou sua marca em todos os seus adeptos." (Abraham Kuyper, 24 de dezembro de 1907 em Mystery of Islam, tradução nossa).