11 de mar. de 2016 | By: @igorpensar

Cristãos em um Mundo Plural

Vivemos em uma era em que defender uma ideia em relação a outras é quase considerada uma arrogância, uma postura etnocêntrica.  Também é verdade que com relativa frequência, paixões ideológicas, nacionalistas ou religiosas podem ser pouco abertas ao diálogo.  Porém, em tempos de cultura líquida este tem sido um mal menor.  Considere que entramos de cabeça na era da incerteza, qualquer convicção poderá ser execrada facilmente.

Precisamos reconhecer que não vivemos mais à sombra da cristandade.  Agora, sob uma sociedade que se laicizou, temos que aprender a viver em uma cultura que é crescentemente pluralista.  A angústia e a incerteza se intensificam, talvez por este motivo, convicções ainda são importantes.  Não subestime a sede humana por segurança existencial e a necessidade de crenças absolutas.  Infelizmente, esta tem sido uma das razões da adesão ao islamismo radical em ambientes culturalmente secularizados como a Europa pós-cristã, por exemplo.



Então, como ter convicções em um ambiente pluralista? Na pós-modernidade, convicção em si não é um problema, mas é um escândalo quando afeta sua opinião sobre questões de interesse comum ou quando ela é publicizada. Por isso que tanta gente confunde laicidade com secularismo.  O secularismo não permite convicções públicas de origem religiosa, só as autoriza quando reclusas à vida privada ou ao "templo religioso".  O elemento mítico é evidente!  Obviamente que é impossível separar indivíduos de suas convicções ou visão de mundo.  Defender uma "neutralidade confessional" na esfera pública é cair na armadilha secularista.  Para o cristão, ao contrário, sua convicção deve ter o mesmo peso que tinha na pena de C.S. Lewis: "Eu acredito no cristianismo como acredito no sol, não apenas porque o vejo, mas porque por meio dele vejo todo o resto."

A presença pública do cristão deve ser total.  O modo de ser do cristão é um grande testemunho da autenticidade da fé que ele professa.  Em tempos de ceticismo e pluralismo, a vida cristã deve ser encarada também como plataforma apologética.  A defesa verbal da plausibilidade e da veracidade do Evangelho deve ser acompanhada de uma vida autenticamente afetada por essa verdade.  Não estou me referindo apenas a uma vida moralmente correta, o cristianismo é muito mais do que moralismo, refiro-me a um lugar específico onde todo cristão deveria residir: Cristo, este crucificado e ressuscitado.  Situar-se em Cristo é se colocar em uma posição singular, é perceber e agir no mundo a partir do centro de gravidade da história.  Estar e crer em Cristo é imaginar a história e ser colocado no mundo sob a irrefutabilidade da pessoas de Jesus.

O cristianismo não é dono da verdade, ao contrário, a Verdade é que é sua dona.  Tim Keller proclama:  o cristianismo não tem 'um argumento irrefutável, mas uma pessoa irrefutável'.  Por esta razão, o cristão deve se lembrar que o maior interessado na evangelização é o próprio conteúdo da mensagem evangelizadora, Cristo.  Evangelizar é demonstrar que realmente estamos interessados nas dúvidas, angústias e o ceticismo das pessoas, e que temos uma boa nova para lhes contar: "Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo." (Apóstolo Paulo).

Enfim, consideremos que nosso mundo mudou drasticamente, é verdade, porém o cristianismo sempre foi desafiado a manter seu núcleo ortodoxo intacto na medida que demonstra a relevância de sua fé para as angústias e desafios de seu tempo.  Talvez, mais do que nunca, nós cristãos, somos desafiados a erguermos a verdade evangélica de maneira franca porém dialógica, comprometida e acolhedora, ortodoxa e engajada, e finalmente, relacional mas sempre intencional.  A ironia pode ser que o pluralismo que tantos temem acabe por se tornar uma grande oportunidade para que nosso cristianismo se mostre, mais uma vez, um luzeiro em um mundo onde utopias e grandes projetos civilizatórios fracassaram.
8 de mar. de 2016 | By: @igorpensar

Ela Passa e o Mundo se Enche de Graça

Mulheres são assim, delicadas e suaves, ao mesmo tempo, corajosas, criativas e resilientes, elas tornam nosso mundo adornado e belo. São a prova de que beleza é algo que precisamos. Elas são diferentes de nós homens, tornam o mundo menos uniforme e menos previsível. Não são diferentes por serem menos dignas, ao contrário, são diferentes em relação a nosso universo masculino, como somos em relação ao universo delas.

Cada uma delas é território inóspito, sempre a ser descoberto. Todo homem que ousa conviver com uma mulher vive uma experiência antropológica (claro que a recíproca é verdadeira). Homens como nós precisam encarar o fato de que o convívio com mulheres é uma espécie de expedição ao desconhecido: são misteriosas, fazem coisas que não entendemos, se preocupam com coisas que não nos preocupamos, e são detalhistas e sutis. É ironicamente tudo isso que nos espanta e nos fascina!

A notícia de uma mulher que foi agredida, violentada ou abusada é sempre perturbadora. Dói na alma ver seus encantos e seu modo de ser violado pela intolerância de um coração autocentrado. Falo como homem, mulheres sempre nos desafiam a abandonar esta vida egocêntrica, nos lembram de jogar o lixo fora, de lavar a louça, concertarmos o interruptor, de que não é suficiente sermos meros mantenedores do lar, e que temos filhos pra brincar e amar. Mulheres arrasam com nossa falsa estabilidade, e detonam com nosso comodismo, fazem isso como mães, esposas, namoradas ou colegas. Tudo isso para nos fazer homens melhores. É, neste sentido, que neste dia sou grato a cada mulher neste lindo universo de meu Deus!

Vocês são lindas, graciosas, inteligentes, e são dádivas do Criador. Vocês, mulheres, são a prova de um Deus que não tolera um universo homogêneo e solitário. Admiro profundamente vossa dignidade e vossa singularidade, vocês são maravilhosas!

"Ah, se ela soubesse / Que quando ela passa / O mundo inteirinho se enche de graça / E fica mais lindo / Por causa do amor" (Vinicius de Moraes e Tom Jobim)