31 de out. de 2015 | By: @igorpensar

Reforma: Cristo e a glória de Deus

Neste abençoado dia, 31 de outubro, em particular, em 1527, Martinho Lutero afixava 95 teses na porta de uma igreja em Wittenberg onde objetava sobre uma série de equívocos que a igreja e a cristandade precisavam corrigir. Não-cristãos e alguns católicos romanos devem olhar com consternação tal ato, interpretando-o como um esforço para dividir uma cristandade fadada ao fracasso ante os desafios de um mundo que tendia a se secularizar. Mas no gesto público daquele frei alemão, havia um zelo autêntico de ver toda cristandade melhor, mais autêntica, e principalmente, mais evangélica, mais cristocêntrica.

E, sempre será assim. Líderes religiosos corrompidos pela fama, dinheiro, poder e popularidade sempre serão ameaçados, ironicamente, pela mensagem radical que o centro da fé cristã é o próprio Cristo, e consequentemente, que toda glória e admiração pertencem exclusivamente a Deus.

Sinceramente, neste dia da reforma, oro junto com meus irmãos, para que Deus erga gente modesta, mas ardentemente comprometida com esta afirmação: que Cristo seja mais uma vez exaltado como o centro da fé cristã. Que o Evangelho (a boa nova) seja proclamado para evangelizar, mas também para refrescar mentes e corações cristãos sobre os grandes feitos de Deus em Jesus. Que toda comunidade chamada evangélica renove mais uma vez seu fascínio, sua alegria e sua fé nos tesouros do Evangelho: regeneração, conversão, justificação, santificação, ressurreição e glorificação. Que descubram o impacto sem precedentes de uma vida curvada diante de Cristo. Que pastores, como eu, se arrependam, se retratem publicamente por oferecerem "pratos de lentilhas" ao invés de entregarem esta mensagem sagrada: Deus está em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo. É tempo de arrependimento, tempo de conversão a Cristo, tempo de vivenciarmos o frescor que não diz respeito ao que fazemos, mas ao que Deus tem feito em Jesus Cristo.

Post Tenebras Lux...

Viva a reforma!
7 de out. de 2015 | By: @igorpensar

Confessionalmente Católico

Como ser um cristão evangélico confessionalmente reformado, e ainda, ser católico? Ser católico (universal) é manter-se consciente que se pertence ao que une toda cristandade (claro que não preciso explicar que católico aí não é sinônimo de católico romano). Ou, reconhecer, que cada tradição tem seus tesouros e riquezas que lhe são peculiares, são apropriações do tesouro da grande cristandade. Daí, a necessidade de uma abertura. A melhor forma de fazê-la é localizar-se confessionalmente em uma tradição nuclear de onde é possível navegar entre outras, enriquecendo sua própria confessionalidade. 

Adotando-se tal paradigma, quase uma metodologia, é possível localizar-se na tradição reformada e evitar a idolatria denominacional. Subscrever os símbolos e a tradição, mas resistindo ao sectarismo. Permitir-se dialogar com o anglicanismo, o luteranismo, o metodismo, a ortodoxia oriental, o pentecostalismo clássico e até mesmo com algumas correntes teológicas do catolicismo romano, e perceber-se mais cristão, mais pertencente. Deveríamos aprender a fazer este exercício de enriquecer nossa confessionalidade com a catolicidade.

Eu, como cristão evangélico e reformado, me sinto relativamente confortável em minha tradição, nesta ortodoxia, porém admito: Deus não entregou todas as cores da verdade e do Cristo à tradição que me localizo. E, possivelmente, a nenhuma outra tradição, mas todas desfrutam de aspectos da revelação encarnada que gostaria muito de apreciar.
2 de out. de 2015 | By: @igorpensar

Criar: evento da vontade divina

Deus é Pai independente de um mundo criado ou não. A paternidade divina é o que ele é, pois funda-se evidentemente em uma relação dentro da eterna e tríplice pessoalidade de seu amor. Jesus é chamado de Unigênito, por João, por ter sido gerado neste amor antes de haver mundo. Por isso, o cristianismo insiste: "gerado, não criado". Entretanto, a expressão "Criador", que se segue a afirmação de sua paternidade, refere-se a um "evento" a partir de sua natureza. O Deus que não precisava ser Criador para ser Deus, decidiu sê-lo, assim sendo, o mundo como o conhecemos é fruto do arbítrio divino, é resultado de um querer de Deus como Pai.

Deus não precisa de gente para ser Deus, mas como Deus, ele tem vontade, uma que reflita seu amor. Sua vontade amorosa criou um mundo e criou gente. Mais uma vez, devemos reconhecer as implicações profundas da Trindade: tudo é uma dádiva, um dom imerecido, a criação e a existência humana fundam-se no querer divino. Querer dispensável à sua própria natureza que se auto basta, porém, definitivamente reflete sua paternidade e amor. "Seja feita a sua vontade, assim na terra como no céu..."