30 de out. de 2014 | By: @igorpensar

Vergonha Alheia

Conselhos teológicos para o sr. Matheus Z. Guimarães do Ensinando de Sião:

1) Faça um curso de teologia por favor, eu fico muito envergonhado quando me mandam seus textos teológicos, você precisa urgentemente fazer um curso de teologia decente.  Seu desconhecimento de história da Igreja não combina com sua postura em lidar com temas teológicos;

2) Você nunca ou pouco deve saber qual a diferença que existe entre pelagianismo, neo-pelagianismo e semi-pelagianismo.  Não deve saber que o antinomismo (vai ver na Wikipedia) foi ardentemente combatido pela reforma protestante, exigindo longas refutações por parte de Calvino e Lutero;

3) Você demonstra completa e irrestrita ignorância a respeito da tradição teológica do cristianismo. E fica neste "mimimi" de primeiro século querendo engabelar gente tão deseducada teologicamente quanto você;

4) Seja esperto, pare de ficar escrevendo asneiras teológicas sobre reformadores e pais da igreja, pois me mandam e-mails me perguntando o que acho.  E, inevitavelmente, responderei, e isso só piora a reputação de vossa já herética instituição religiosa;

5) E, se você ficar ofendido com o que escrevi aqui, usando falácias e argumentum ad hominem (não sabe o que é isso? Vai pra Wikipedia), isto só mostra, mais uma vez sua limitação argumentativa. Você vai achar arrogante, vai mostrar este texto para as pessoas, vai usar frases prontas "pelo fruto conhecereis e blá blá blá". Pode dizer que "não gosta de teologia", "pode bater nos teólogos", mas só faça isso se você nunca mais escrever textos teológicos, vamos combinar assim?  Aí, vou acreditar que você minimamente está tentando ser coerente com o que fala, OK?  Vocês são muito previsíveis.  Se o fizerem, isto só mostra a fraqueza teológica desproporcional que já vos acomete;

6) Honestamente, seus textos são sem métrica, falta retórica no que você escreve, falta cadência lógica e fontes teológicas com um mínimo de credibilidade histórica.  Pra ser um pouco mais honesto: falta beleza. Outra dica pra superar esta "pose teológica" que você adotou: vá ler Alister McGrath, Thomas Torrance, C.S. Lewis ou N.T. Wright, e você entenderá minimamente o que estou dizendo.   Faça um favor a seus leitores: debruce-se sobre as Institutas de João Calvino, leia pelo menos o Da Liberdade do Cristão do Lutero (é fininho).

7) Já ouviu falar de vergonha alheia? Eu tenho! Tenho muitos amigos versadíssimos em teologia, são educados, são portadores de uma espiritualidade há anos luz da que vi em vocês.  Então, quando eles olham para o que vocês escrevem.... eles coram de vergonha.  Pois, vocês fazem isso publicamente. Escrevem no site, colocam vídeos na web e isto fica tão feio.

8) Estou disponível para um debate teológico público com quem vocês quiserem.  Com você, com seu pai, pode ser gravado e sem cortes.  Sobre o tema que vocês quiserem.  Eu sugiro alguns dos seguintes temas: a Trindade, relação lei e graça, restauracionismo x cristianismo, Igreja & Israel, sobre a doutrina da salvação, e assim, deixaremos as pessoas julgarem.  O que acha?  Estou disponível.

9) Enquanto vocês vão brincando de construir uma nova religião, poderiam no mínimo, ouvir seus  supostos mestres lá de fora, que já defendem a legitimidade histórica do cristianismo, seu patrimônio que foi produzido de uma profunda devoção e entrega a Cristo.   Enquanto vocês batem no cristianismo, batem em uma grande nuvem de testemunhas, mártires e muita gente, que soube o que  é perder tudo por causa do conhecimento de Cristo. Tenham muito cuidado com o que escrevem. 
29 de out. de 2014 | By: @igorpensar

Sola Fide (A Fé Somente)



Neste mês de outubro, mês da reforma protestante, a Editora Ultimato vem publicando uma série de textos sobre os 5 Princípios da Reforma, ou os chamados 5 solas (5 somentes).   Fui convidado para escrever o primeiro texto da série, que é o "Sola Fide" (A Fé Somente).  Então, compartilho abaixo o link para o texto na íntegra.

Boa leitura!

http://www.ultimato.com.br/conteudo/sola-fide

Post Tenebrae Lux!
(Depois das Trevas Luz)
17 de out. de 2014 | By: @igorpensar

Corrupção Capilar

Já falei por aqui sobre a pobreza moral que acomete o Brasil. Hoje, vendo a notícia sobre motociclistas circulando em passarelas no Rio de Janeiro, que foram feitas para proteger o pedestre de veículos automotores (olhem a ironia), isso ficou ainda mais forte.

O evento representa inúmeras situações de práticas corruptas em estruturas capilares da sociedade brasileira. A corrupção moral em instâncias mais evidentes, onde o poder político e econômico se concentram, reflete apenas a corrupção moral do brasileiro em níveis bem mais palpáveis.

Temos que admitir que nossa pobreza moral é alarmante. Nosso projeto civilizatório é um fracasso. Esta falha está lá em nossa história, religiosidade e vida familiar. Desde pequenos tivemos, em geral, pais e parentes, vizinhos e amigos, que nos ensinaram este "jeitinho brasileiro" (do quintos dos infernos), este mania transgressora, que burla sistemas, que cria atalhos ilegais e que aparecem claramente no esquema "eu-te-indico-você-me-indica". Esta transgressão que nos parece quase inata, mas culturalmente cultivada, está relacionada àquela imoralidade do "fura-fila", do esquema do trocador que pede pra você descer pela frente e ganha parte da passagem, compra e venda de senhas, é um mundo de trambicagens e cambalachos.

Quando se vive em um mundo imoral, se cai inevitavelmente em um esquema moralista. Já falei aqui desta teodiceia exógena, esta tendência latino-americana de perceber o mal como algo desencarnado, presente nas corporações capitalistas etc. Esta tendência que concebe instituições e prédios públicos como ídolos sob possessão demoníaca. Assim, acabamos por terceirizar a responsabilidade. Porém, ainda acho que o mal está aqui em gente como a gente. A presença dele em estruturas objetivas é porque o homem está lá.

Penso que combater a corrupção é de outra instância. O Estado não conseguirá fazer isso, o que ele pode fazer é reprimi-la pelos meios institucionais e jurídicos, a começar, erradicando a impunidade. Mas, nós, que estamos aqui em instâncias mais concretas e encarnadas, precisamos nos engajar na promoção de uma vida virtuosa. Vamos começar por viver uma vida mais significativa, mais ordeira e mais ética. Que possamos promover uma vida de comprometimento, educar nossos filhos a respeitar as relações humanas, leis públicas, regras de convívio humano e a generosidade com os mais vulneráveis. Que possamos nos comprometer com a promoção de uma cultura mais ordeira, pontual e de convívio legal.

Não adianta fugir do Brasil, alegando que o país é corrupto, e ir para o estrangeiro ilegalmente. Não adianta fugir de uma realidade que nós produzimos. Vamos assumir nossas responsabilidades e educar nossos filhos nisso, e parar com este "mimimi" moralista. Não será a escola pública a nos ensinar ética. Capital moral é produzido por instituições que estão aí antes do Estado Moderno: igreja e família.

Chega de gambiarras morais!
10 de out. de 2014 | By: @igorpensar

Ação Prudente e Prudência Esperançosa

Sou extremamente simpático ao princípio de prudência de Russell Kirk. Porém, com alguma reserva, talvez por causa da noção de Abraham Kuyper de "graça comum".   Acho que, o conservadorismo político tem uma dependência escolástica, o que me impede de abraçar o princípio de prudência completamente.  Me parece que, biblicamente, Deus permeou sua criação com uma abertura estrutural para mudanças, e por esta razão, viabilizou a possibilidade de transformações políticas e sociais, sim.

Deus não permitiria a possibilidade de reorganização humana, invenção científica, inteligência e capacidades laboral e administrativa, se seu projeto fosse só um perene jardim (só precisaríamos de jardineiros ou no máximo engenheiros agrônomos).  Apocalipse 21 me mostra uma cidade, aspiramos por uma civilização que reflita a glória de Deus.  Ela virá dos céus, feitas por mãos divinas.  Mas, esta aspiração pela Civitas Dei nos move na cidade dos homens para salgá-la.  Por outro lado, nossas falíveis, mas ainda dadivosas conquistas políticas como democracia e liberdade de expressão são oriundas de processos que nos colocam em uma sociedade menos pior do que àquela autoritária, centralizadora e totalitária.  Graças a Deus!

Tais conquistas não seriam viáveis sem a mínima possibilidade de alguma mudança estrutural, a propósito, historicamente nada orgânica (concepção de reforma no pensamento conservador), mas em alguns casos resultado de intencionais ações políticas (cujas motivações é métodos são totalmente discutíveis).  Por outro lado, claro que o princípio de revolução como único meio para o progresso é muito vulnerável.  O princípio de prudência é necessário em um mundo fraturado pelo pecado.  O progressismo concebe moralmente o ser o humano em uma estima excessivamente elevada, ignorando sua fragilidade espiritual.   Por esta, e outras razões, que ainda acho que nosso patrimônio cristão, se bem lido, nos fornecerá uma compreensão alternativa que faça jus à complexidade do fenômeno político e social.  Pra mim, o cristianismo tem subsídios para um caminho alternativo para além da sedução progressista e da estagnação conservadora.  Precisamos de orientação cristã para uma ação prudente, e uma prudência esperançosa.
3 de out. de 2014 | By: @igorpensar

O gay não é o novo negro

O homossexual não é o novo negro e o novo judeu. Não acho justo com judeus e negros valer-se do holocausto e da escravidão como plataformas para defender a agenda LGBT como fez Luciana Genro no debate dos presidenciáveis da Globo. Por um motivo básico: o núcleo identitário de judeus e negros não é o afeto, eles encarnam étnica, cultural e inevitavelmente sua judaicidade e negritude.

De acordo com o Manual de Comunicação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais o termo 'orientação sexual' refere-se: "à capacidade de cada pessoa de ter uma profunda atração emocional, afetiva ou sexual por indivíduos de gênero diferente, do mesmo gênero ou de mais de um gênero, assim como ter relações íntimas e sexuais com essas pessoas." Judeus e negros são o que são por fatores identitários completamente diferentes daqueles suportados pela militância LGBT no Brasil.

Ser judeu e negro não depende de uma orientação, propensão ou disposição subjetiva, afetiva ou individualista, como propõe o Manual LGBT, mas de uma longa tradição histórica, cultural e étnica. As identidades judaica e negra localizam-se em um núcleo diametralmente oposto ao autodeterminismo sexual individualista que suporta a homossexualidade. Por esta razão, não é intelectualmente honesto se apropriar do sofrimento judaico e negro para alavancar a defesa de homossexuais. Para estes, o que se deve fazer é lhes garantir direitos humanos, precisamente o que fora ou tem sido feito com aqueles.