27 de abr. de 2016 | By: @igorpensar

Curso: Provérbios de Salomão




Começa hoje uma disciplina sobre Provérbios de Salomão no Instituto Bíblico Esperança. A aula é basicamente o conteúdo de minha pesquisa para o mestrado na USP. Os que desejarem se matricular, podem fazer a disciplina isolada.

Nota: a aula não será disponibilizada na Internet.

Ementa:

O livro de Provérbios de Salomão, ou como é conhecido em hebraico, Mishlei Sh’lomon, é uma coleção de sabedorias semitas, ou mais particularmente, vozes de uma sabedoria antiga, presente no Oriente Próximo. A obra, apesar do título, não é de um único autor, mas possui uma coleção de provérbios, máximas e o que se pode chamar de “poesia didática”. Apesar de sua característica literária singular, em comparação a outras obras da Bíblia Hebraica, ela tornou-se matriz do que se pode chamar de “teologia sapiencial”.

A teologia sapiencial influenciou a teologia judaica no período grego, a teologia rabínica da época do Segundo Templo, e naturalmente, a teologia cristã. Sendo assim, esta obra pouco explorada, mais do que máximas morais, lida com o “saber viver”, e uma vida virtuosa em um mundo criado por Deus, mas fraturado com a pecaminosidade humana.

Maiores Informações
Entre em contato conosco pelo e-mail: fale.ibe@gmail.com, saiba como estudar este tema, na disciplina isolada.

25 de abr. de 2016 | By: @igorpensar

Cruz & Cuspe

Cuspir em alguém sempre foi um ato de degradação do cuspido.  Cristo foi para a cruz sob cusparadas.  A projeção do fluido corporal ao corpo alheio não é repulsivo apenas por ser nojento, mas porque comunica que o outro é desprezível, é um não-humano.  Geralmente o alvo da cusparada, para que produza efeitos depreciativos, precisa ser no rosto.  Justamente o lugar onde se estampa as reminiscências de nossa semelhança com Deus.

Insisto, uma genealogia teológica da violência (violação da dignidade alheia) remete a uma pulsão deicida e profana.  Um desejo de eliminar ou ofender a Deus projetado naquele que o alude, o próximo.  O primeiro ato de violência registrado no Livro Sagrado (Caim matou Abel) foi bem isso: um ressentimento contra Deus dirigido ao corpo do próximo.  O senso de justiça para gente que milita na força do cuspe não passa de "folhas de figueira" para dar invisibilidade a uma violência radical.  Violência combativa, mas nunca combatida.  Lamentável que corpos, genitálias e fluídos tenham se transformado em instrumentos e objetos de propaganda política. Sejam os corpos que cospem como os que são cuspidos.  Sejam os corpos torturados ou de torturadores. 

Cristo cuspiu em um pouco de barro para curar um cego, mas foi de outro fluido de seu corpo, seu sangue, que ele reconciliou homens consigo e uns com os outros.  Só lembro que Cristo abraçou na força da sua cruz cuspes e torturas, violadores e violados.  Foi assim que cada gesto de agressão, cusparadas e açoites se tornaram em gotas de graça sobre perpetradores e vítimas: "Perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!" (Jesus).
6 de abr. de 2016 | By: @igorpensar

Amargo Cristianismo

Por que escolhi o caminho do cristianismo? Apesar de que a pergunta já tem um problema em si, pois, penso que o cristianismo, ou ainda melhor, Cristo é quem nos escolheu.  Não há explicações proposicionais, Cristo convoca e chama. Cristo é magnético e irrefutável. Cristo e o cristianismo ensinam de maneira descarada e sem pudor que não somos confiáveis. Respeitosamente acho difícil que alguma filosofia ou outra expressão religiosa seja mais explícita em relação ao orgulho humano e nossa fragilidade moral do que o cristianismo.


Desconfio de qualquer visão de mundo que alegue que sou "bacana" ou que tenho recursos "inatos" para me tornar melhor. Qualquer pessoa minimamente experimentada em suas próprias fragilidades morais sabe do que estou "falando". Eu duvido que uma pessoa, por simples vontade e disposição moral, acorde uma manhã qualquer e consiga observar de maneira irrestrita todo o Sermão do Monte e viva os termos que estão ali de maneira irrepreensível. O que está no Sermão do Monte não é uma tabela de regras morais é um currículo de um longo programa de discipulado que exige constante reconhecimento de nossa fragilidade (pobreza de espírito) e dependência da graça de Deus.

Eu precisava de uma resposta honesta quanto ao orgulho e a altivez, estes dois demônios que ficam sempre à espreita prontos para assaltar qualquer transeunte que perambula distraído pelos caminhos da vida. Uma vez me disseram: "Igor, você vive dizendo que tem problemas com orgulho." Eu tive que responder: "E... você não?".

O cristianismo é um remédio amargo, pouco conveniente, não é um religião que está disposta a retroalimentar seu ego, sua autoestima, ou trazer algum tipo de alívio moral. O cristianismo é letal justamente por ser libertador. O cristianismo contradiz de maneira radical nossas narrativas previsíveis de sucesso e felicidade. Pense bem, nosso maior emblema é um homem aparentemente derrotado e humilhado em uma cruz. Que absurdo! Que escândalo! A mensagem de triunfo é esta: "quem perder a sua vida ganha-la-á."

Por isso sou cristão: pois o cristianismo diz tudo que eu não gostaria de ouvir, me convida a crer em quem eu jamais creria e me ensina a viver de uma maneira que eu jamais viveria. Cristianismo é morte, por isso, é ressurreição.  Não seria exagero dizer, que no final, Cristo está nos salvando de nós mesmos.