Achei um texto no blog da Ana Clara Cabral, filha do Elienai Cabral Jr. brincando com fogo, ou melhor, com a Bíblia. Refiro-me ao texto intitulado "Rasguemos a Bíblia!" da supracitada autora.
Pois é, pelo título, imagina-se as sandices escritas por causa de expressões cada vez mais "generosas" de cristianismo que encontramos por aí. Sei que pessoas sofrem abusos, exclusões e julgamentos desproporcionais em nome de uma "fé" legalista e deseducada. Mas, não é relativizando valores caros para a fé cristã que nos tornaremos mais tolerantes.
Na verdade, o cristianismo é "intolerante" em algum sentido. Não toleramos, por exemplo, o pecado. Isso pode parecer meio hipócrita né? Mas, não é não, pense direito! Não toleramos o pecado que reside em nós, em primeira instância, e em nenhum outro ser-humano. Não suportamos a antropologia de Jacques Rousseau que nascemos todos "bonzinhos", "legaizinhos" ou quase anjos. Acreditamos na verdade de São Paulo, Agostinho, Lutero e Calvino, que somos todos pecadores, e somos por natureza filhos da ira, não obstante termos sido criados para sermos imagem de Deus.
A questão é que a denúncia cristã a respeito do pecado não é um julgamento de fariseus hipócritas jogando pedras nos de fora, mas uma denúncia doméstica com fins universais. Conhecer a Deus, envolve, concomitantemente conhecer a nós mesmo, já dizia o reformador genebrino. Sendo assim, o que afirmamos é que a condição do gay não é diferente da nossa, eles não tem nenhum privilégio por serem "socialmente excluído". Cristãos são contra a opressão e a injustiça, mas a opressão e a exclusão social de gays, lésbicas e transgêneros não os santifica, não os coloca de fora da denúncia cristã. São pecadores, como nós cristãos. A única exceção, neste caso, é que a "ficha caiu" pra nós, admitimos isto, e corremos pra cruz de Cristo por esta razão. E convidamos a todos os homens a admitirem a mesma coisa: vocês não são bonzinhos!
Pois bem, fiz um comentário ao texto da Ana por lá, provavelmente será publicado, cito:
Ana Clara,
Li seu texto, teria muita coisa para escrever, dizer e me posicionar. Mas, respeito seu direito de opinar publicamente, como espero, pelo bem da verdade que o cristianismo nos legou, que tenhamos um pouco de bom senso. Acho muito cliché e sem bom gosto este lance de relativizar cristianismo para sermos "tolerantes" e “intelectualmente” relevantes. O cristianismo sempre foi conhecido pelo amor ao pecador, e tinham como expressão máxima deste amor, a denúncia pública do pecado (Jesus não foi tolerante aos pecados de idolatria, corrupção moral, hipocrisia religiosa etc), e o anúncio da boa-nova que acolhe a todos. Somos todos iguais, preste atenção nisso, somos todos iguais, mas iguais em nossa corrupção, em nossa insistência em sempre fazermos o que é errado. Vivemos esta tensão de sermos “imagens de Deus”, porém, deformados pela trinca do pecado. Somos inimigos de Deus, todos nós, gays, trans, héteros, homossexuais e nós cristãos. A denúncia cristã não é que o homossexual é diferente de nós, exatamente o contrário, eles são exatamente como nós, dignos da mesma exortação que nos levou aos pés da cruz. O convite cristão é para que se arrependam, como nós o fizemos ou fazemos. Sinto muito, mas acho que seu texto está curvado diante das pressões culturais da pós-modernidade, você acha “cult” relativizar (rasgar) a Bíblia. Acha fundamentalista a afirmação politicamente incorreta de uma Verdade. Agora, sejamos minimamente honestos, e se a Bíblia estiver certa? Sabe, o cristianismo não é uma religião de crédulos em qualquer besteira, mas céticos quanto a tudo que a cultura discursa. Não acreditamos em tudo, acreditamos em Deus. O mundo moderno acredita em tudo, menos em Deus. Cristãos são céticos de mais, moderninhos são excessivamente crédulos. E seu Deus nos fez como bonecos do barro? Qual é o problema? Isto fere sua dignidade? Desculpe, mas Rousseau estava errado, e Agostinho acertou, somos e nascemos pecadores, todos, indistintamente. Poema ou história, somos, de fato, algo muito próximo do barro.
É isso aí...
Igor Miguel
2 comentários:
Que triste o texto dela! Meu Deus... Vejo exatamente isso, um esforço em relativizar a verdade. Ela não percebe que com isso ela mesma é desautorizada de usar qualquer argumento a favor de um Deus ou de um amor soberano. Muito triste o texto dessa menina, muito mesmo. Das loucuras que o Gondim importa esse texto expôs umas trocentas!
Absurdo...
Sua resposta foi sóbria, Igor. Gostei.
Grande abraço e que Deus o abençoe!
Igor,
só mesmo você para me fazer visitar um blog heterodoxo... [rsrs].
Olha, mais triste do que o texto escrito pela Ana foi a resposta que ela lhe deu, ou seja, nenhuma... Digo, nenhuma além da incredulidade, do escárnio e deboche para com a Palava de Deus. Contudo, ela não apresentou o porquê, apenas diz não crer, e ponto final. Cada vez mais eu entendo que o salmista tem razão: "Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite" [Sl 1.1-2]. Isto, por si só, já seria suficiente para ela meditar e avaliar a sua condição diante de Deus, mas preferiu, ao seu modo, como muitos, criar um deus à sua imagem e semelhança; e dá-lhe tolice para todos os lados, desmedidamente, a fim de justificar a sua autoidolatria... Mas, ao menos, serviu para que você desse esta ótima resposta em forma de post.
O que, contudo, me leva a pensar na validade de se tentar um diálogo com alguém que não o quer, ou despreza-o, em seu orgulho e soberba. Apelar para um "cientificismo" que nada tem de científico, e é meramente especulativo [e no caso dela, provocativo], demonstra intenções que me parecem claras: enganar para manter-se enganada.
Realmente, diante de tudo o que ela disse, resta-me a tristeza pelo que li, e de saber que muitos, como ela, permanecerão cegos para o único Deus, sem reconhecer o abismo em que se encontram... Ao ponto de, em nome da tolerância, tornarem-se mais intolerantes do que aqueles em que apontam intolerância. Está escrito também: Quem comigo não ajunta, espalha!... E foi Cristo quem o disse, sem nenhuma tolerância para com os que espalham.
Grande e forte abraço!
Cristo o abençoe!
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