Infelizmente há os que pensam que um vocabulário apropriado é desnecessário e remonta os tempos de uma educação por um conhecimento enciclopédico. Porém, a palavra tem mais função do que pensa o senso comum. Além de seu fim objetivo, a comunicação, a palavra tem como característica básica a síntese de significado, o que se denomina de conceito.
O conceito é uma palavra que amarra uma rede de palavras e evoca uma séria de impressões, imagens e sensações. A abordagem de L.S. Vygotsky (1987), que brilhantemente associa a palavra ao pensamento, traz essa idéia de que a palavra antecede as imagens mentais. O que parece ser gráfico ou imagens sensoriais no pensamento, na verdade é uma nuvem de palavras que evocam uma séria de impressões sensoriais ou experiências subjetivas. A palavra tem esse poder dialético, de ligar-se às coisas, mas ao mesmo tempo de não ser as coisas. Ele codifica a realidade e resume aqueles dados relevantes da realidade que têm vínculos com outras palavras, formando esquemas, uma grande teia semântica. Um movimento, que como afirma Luria, inicialmente é simpráxico (próximo das experiência objetivas e concretas do sujeito), evolui até a simsemântica (quando a palavra assume o poder de generalização e síntese).
Mas, o que a "palavra" tem haver com a educação? O suficiente para nos preocuparmos com ela.
Na educação pública - por exemplo - o que se vê são alunos que chegam à vida estudantil dos diversos espaços familiares. Muitos vivem completamente desprovidos de quaisquer "mediação cultural", não lhes são introduzidos conceitos. Elas não são mediados por pais e as vezes muito pouco por professores. Lembro-me que Reuven Feuerstein (2002) desenvolveu o conceito de "Síndrome de Privação Cultural", que não é a falta de informação ou conhecimento. Na verdade, para Feuerstein, tal síndrome caracteriza-se pela privação que certos sujeitos sofrem, quando lhes são suprimidas aqueles códigos culturais necessários para que ele pense em sua própria esfera cultural.
Referência Bibliográfica
FEUERSTEIN, R.; FALIK, L.H.; FEUERSTEIN, R. S.; RAND, Y. The Dynamic Assessment of Cognitive Modifiability: the learning propensity assessment device: theory, instruments and techniques. Jerusalem: The ICELP Press, 2002.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
1 comentários:
Olá meu nome é Kelly, sou de São Paulo. Queria dizer que gostei muito do seu artigo. Me interessou bastante porque estou fazendo um TCC sobre psicolinguística e letramento, no qual utilizo o livro de Luria e ressalto a necessidade de uma educação com qualidade.Foi bom ver o mesmo assunto com outras palavras. Me ajudou um pouco. Obrigada.
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