4 de ago. de 2008 | By: @igorpensar

ENTRE O SUJEITO E O PREDICADO

Por Igor Miguel

Você já se perguntou porque uma árvore em condições naturais não morre de fome? Por que os pássaros não passam necessidade? Por que um cão não tem crise existencial e se suicída? A resposta não é tão simples, mas tem raízes profundas na ética monoteísta.

Segundo a ética monoteísta, cuja origem remonta o patriarca Abraão, o mundo e tudo que nele existe, existe por causa de leis que determinam relações corretas entre as coisas e os seres. Células sobrevivem por causa de leis químicas que estabelecem trocas com um conjunto de outras células e orgãos, em uma complexa rede de permutas e relações que a estabilizam e a equilibram.

A tendência dos fenômenos naturais e físicos ao eqüilíbrio, opera-se justamente por causa da complexidade de leis e regras relacionais inerentes às propriedades físicas da matéria, que quando operam umas com as outras, elaboram uma grande estrutura de permuta de forças e entropia, até que toda estrutura desfrute da estabilidade.

Uma pedra aparentemente estática, tem mais energia e fluxo de relações do que se pode imaginar, não é em vão que é necessária grande energia para tirá-la de sua estabilidade, por exemplo o uso da dinamite.

O que me impressiona é que esta estrutura legal que permeia os fenômenos naturais, origina-se da idéia monoteísta de um Deus que governa todas as coisas integralmente. Por ele ser um, todas as coisas tendem à unidade, à integridade e ao mutualismo. Diferente da tendência positivista de fragmentação da realidade em partes para chegar-se à compreensão do todo, no pensamento monoteísta, as partes interagem, formando uma grande unidade estrutural, pois é da natureza de um Deus criador e único, imprimir sua unidade na diversidade da criação. O monoteísmo reconcilia paradoxos, não é monista e nem dualista.

Incrível como a ciência ocidental, se devidamente analisada, esbarra em uma filosofia teísta que paradoxalmente explora a unidade da diversidade e a diversidade da unidade. Esse fluxo de parte para o todo e do todo para as partes, que manifesta o conceito de um Deus que criou com PALAVRAS.

Ele interpolou o verbo entre o sujeito e o predicado, animou o mundo pela palavra, deu movimento... No princípio era o verbo. Imprimiu regras gramaticais entre as coisas, e as coisas se relacionaram, as partes se conectaram, e tudo começou a pulsar por sua Palavra.

Os físicos estudaram palavras, os químicos estudaram palavras, a ciência estudou palavras, as leis que permeiam todas as coisas, o código, o DNA que ELE imprimiu em uma realidade que revela o que Ele é, e permite as pessoas experimentá-lo além do número, gênero e grau.

Voltando à pergunta inicial: Por que as plantas e os animais em seus habitat natural não sofrem das angústias dos homens? A resposta é só uma: O homem de alguma forma está fora de seu habitat, se rebelou contra as leis que determinam como ele deve se relacionar com as coisas, com o mundo que o cerca, com as outras pessoas e os animais. O homem é um ser anômico, anárquico e solto, uma alma penada deslocada da estrutura que o beneficia. Todos os seres o fazem por instinto natural, mas o homem não o faz por sua rebelião. Sua insistência em se manter por fora, baseado no suposto discurso de liberdade e autonomia, mandou-o para o cativeiro do vazio.

Só há uma forma desse homem voltar a existir que é colocar o verbo entre o sujeito e o predicado.

9 comentários:

Ana Carolina Gama disse...

Oi Igor,
Passei por aqui para dar uma olhada e me deparei com seu texto, e que texto... Bom é impressionante como nos esquecemos que só poderemos existir plenamente quando o verbo se manifestar em nós.

@igorpensar disse...

Olá Carol,

Obrigado, fico feliz que você tenha gostado. Você pegou a veia do texto.

Abração e volte sempre!
Igor

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
filoliveira disse...

para os filósofos "irracionalistas" o homem seria muito mais feliz vivendo sem a preocupação existencialista de um dever a cumprir para com o "todo" e para com a sociedade, que neste caso, exerce um papel: domesticar e socializar o animal homem.
bem, o seu texto, pelo que me parece vai de encontro a esta idéia do homem irracional, instintivo e anárquico. até pela simples idéia que Deus é um ser ordeiro, racional e que se verbalizou na história humana.
gostei do texto.
quem o amaria seria o Nietzsche...
rsrsrsrsrs

pense filoliveira...

@igorpensar disse...

Filoliveira,

Seus comentários como sempre me beneficiam.

Valeu!

Igor

Anônimo disse...

"O homem de alguma forma está fora de seu habitat, se rebelou contra as leis que determinam como ele deve se relacionar com as coisas, com o mundo que o cerca, com as outras pessoas e os animais."

Oi Igor, como vc está?
Gostei muito do seu texto. Vc demonstrou de uma forma toda especial, o seu amor, respeito e imenso valor pelo nosso Deus.
Deus lindo, Deus de todos. E qndo conseguimos colocá-lo realmente entre nós e nossas qualidades e atributos, podemos então desfrutar, nem que seja pequeno como uma semente de mostarda, da sua unidade.

Li suas palavras e pensei nas atitudes nossas de cada dia, pensei em educação ambiental enfim, imaginei um mundo melhor.

Abraços,

Vanessa

Anônimo disse...

Amigo, e o que é mais interessante é que eu, como amnte da gramática, não posso deixar de fazer um paralelo entre o seu texto e as aulas sobre análise sintática (lembra? rsrsrs).
Qdo um verbo é chamado de "intransitivo" ele não tem "objetos";a ação do sujeito pára nele mesmo. Qdo ele é "transitivo" (direto ou indireto)ele dá ao sujeito uma nova especificação: "comeu o quê? um chocolate"; "gosta de quê? de ler".
Da mesma forma, sem o Verbo somos sujeitos de uma frase sem "objetos"; nossas ações param em nós mesmos; não há ligação com nada ou ningém.
Amei! Mas, para não perder o costume, falei demais!
Bjim, Gi.

Anônimo disse...

Ei, Igor, conheci-te em BH quando fiz carisma, e algumas vezes fui ao Ministério Ensinando de Sião, depois disto passei a ver tuas ministrações pelo site deste... agora, fikei a saber que saíste de lá, e tristemente constatei que não há mais nenhuma de suas pregações no ar... que pena... então resolvi vir à net para ver se o encontrava... vc tem sido fonte de muita inspiração para os ensinos que ministro... Então, achei-te aqui... claro, não é nem de longe tudo que eu podia "beber" de D-eus através de ti, lá... mas, já é um começo... Será que um dia poderias colocar as ministrações no Youtube??? De qualquer forma, é de grande proveito ouvir, ainda que seja algo tão suscinto quanto estas reflexões aqui... Oro para que o Senhor o esteja iluminando e direcionando, pois precisamos mesmo muito da graça e do conhecimento que Ele tem te dado a ti. Moro em Lisboa agora, e sempre que posso... passo por aqui... Shalon... Lau Kadosh