29 de mar. de 2011 | By: @igorpensar

Série Trindade: Parte II

TRINDADE: OS FUNDAMENTOS BÍBLICOS DO CREDO NICENO

Por Igor Miguel


Neste segundo texto da série sobre a Trindade, tentarei explicar em linguagem mais acessível possível, como a famosa confissão de fé cristã, conhecida como Credo Niceno, ou mais tarde, Credo Niceno-Constantinopolitano, se tornou uma das maiores heranças legadas à geração posterior de cristãos.

De início, sei que nosso país é tomado por uma perspectiva que insiste em uma fé cristã desapegada de sua tradição histórica, principalmente em círculos evangélicos ou sectários. Coloco na lista: restauracionistas, judaizantes, primitivistas, anabatistas e adeptos, de uma versão de fé apostólica, sem qualquer historicidade ou qualquer vínculo com o que Deus fez durante a história.

Desde já, assevero que a negação deste legado pode ser resultado de um sentimento orgulhoso, com intenções modernas, mais do que primitivas. Não dá para abrir concessões quanto a sacralidade e o esforço dos pioneiros da fé cristã em manter de maneira clara o que a Bíblia diz sobre quem Deus é e como Ele atua para salvar os homens.

Negar a Trindade é negar o amor e os atos salvadores de Deus. É negar a própria estrutura da criação, salvação e consumação dos planos redentores de Deus.


*Em formato PDF.

15 comentários:

Paulo Dib disse...

Excelente, Igor!

Muito bem feita a defesa do Credo Niceno como a confissão de fé comum aos cristãos em todo o mundo.

Ficou ótima a análise detalhada de cada sentença do Credo, documento este com plena base nas Escrituras e no ensino apostólico.

Realmente o Credo é muito cuidadoso em relação à doutrina da Trindade!

O seu texto serve também para aqueles que olham com desconfiança o Credo e as produções da patrística.

Acho que mais detalhado do que isso, só desenhando, rsrsrsrsrs

Abs.

Tijs e Kelly van den Brink disse...

Muito bom Igor, é sempre um prazer ler seus textos. Ajudou a entender melhor alguns conceitos e a me maravilhar ainda mais com Deus.

Abraço

Tijs e Kelly van den Brink disse...

Muito bom Igor, é sempre um prazer ler seus textos. Pude entender melhor alguns conceitos e me maravilhar ainda mais com Deus.

abraço

Unknown disse...

Eu, Igor, uma galera na minha cidade, Estado, Brasil e no mundo tem visto as bases desta doutrina maravilhosa e tem descoberto também que, se não crermos nela, ou seremos pagãos ou não seremos cristãos, pois rejeitaríamos a realidade plena do Verbo encarnado (Jo 1:18). Podemos até nos encaixar nas interpretações judaísmo rabínico ou do islamismo, mas definitivamente não das interpretações (judaicas!) do Novo Testamento.

Eric disse...

Mais um importante texto explicativo de nosso Credo. Muito bom, Igor.
Um abraço,

Célio disse...

Shalom igor!me conte uma coisa!o espírito santo é uma pessoa ou não?não entendi quanto a ele, ou é uma força de D'us. filho tem a mesma essência do pai porém ele não é o todo poderoso. somente o pai é todo poderoso.

@igorpensar disse...

Olá Geraldo,

Vale a pena dar um lida nos comentário no primeiro texto da série trindade neste endereço: http://pensarigor.blogspot.com/2011/01/serie-trindade-parte-i.html

Primeiro, você precisa entender o sentido de "pessoa". Pessoa não tem o sentido moderno de "indivíduo autônomo", mas o sentido latino de "persona" (máscara, pessoalidade). Assim, falamos de um único Deus que é relacionalmente tri-pessoal ou tri-relacional.

O Espírito Santo precisa ser relacionalmente distinto de todas as outras pessoas da trindade, e ao mesmo, tempo, ser plenamente divino. Por um motivo simples.

O Pai é transcendente. Ou seja, ninguém tem acesso ao Pai sem o Filho. O Pai é elevadíssimo, está além dos homens e da criação. Leia Jo 1:18, ninguém vê ao Pai sem o FIlho.

O Filho se fez carne, viveu entre nós, mas não está fisicamente entre nós, ascendeu aos céus e está à destra do Pai.

Teoricamente, estaríamos abandonados... mas, Jesus prometeu o envio do Consolador, que é o Espírito Santo.

Por isso, nos relacionamos com o Pai, pelo Filho no Espírito Santo.

Agora veja bem, se o Espírito Santo não for plenamente Deus, sendo Ele uma "energia", "força ativa" ou coisa do gênero, então não podemos dizer que temos uma relação com Deus, mas com uma "força impessoal". A única forma de afirmarmos pleno relacionamento com a divindade, é reconhecendo que nosso acesso ao Pai em Jesus, dá-se pelo próprio Deus em Espírito.

Abraços,
Igor

Célio disse...

Shalom meu chaver Igor!agora caiu a ficha. entendi muito bem a respeito do CN, com respeito a trindade.Deveríamos tirar esta palavra trindade e manter tri-unidade que ficaria mais inteligível.eu e meu amigo Wagner asa de patos de minas estamos estudando uma apostila antiga sua. abraços e fique com D'us.

@igorpensar disse...

Olá Geraldo,

Fico feliz! Pois a doutrina da trindade, que na verdade é uma doutrina bíblica, é a própria história da salvação e de como Deus em amor se dirigiu aos homens. Ela está enraizada na Bíblia, mas precisa de iluminação no Espírito Santo, para que nosso orgulho se curve diante desta doutrina preciosa.

Bom, quanto ao trindade ou triunidade, não vejo problema em usar o termo trindade em si. Pois a trindade, não é uma doutrina com ênfase na unidade, pois este era um fato indiscutível, a fé cristã é monoteísta. A questão era como explicar a diversidade relacional de Deus sem comprometer esta unidade. Por isso, o termo se adéqua ao que quer explicar.

Abraços!
Igor

Daniel F. Barbosa, pr disse...

Oi Igor,
não estou conseguindo abrir o pdf. o link remete a outro site...

@igorpensar disse...

O arquivo PDF pode ser baixado novamente. Tive um problema com o servidor, mas agora está normalizado.

Lucas Veiga disse...

Igor, na aula de teodrama voce fez citacao de Agostinho trazendo a doutrina da trindade. Mas eu estive lendo alguns livros afirmando que Tertuliano que viveu no seculo II d.C , tenha sido o primeiro a citar sobre a trindade. Então a igreja primitiva já tinha conhecimento sobre a trindade? Porque alguns estudos de judeus rabinos dizem q a manifestação pra "pinei" em Gn seria as diversas manifestações de Deus pra humanidade, com essa afirmação eles tiram a doutrina da trindade (Porque não aceitam o Filho: Jesus), daí fique pensando sobre isso, já que os apóstolos eram judeus.

Lucas Veiga disse...

Igor, na aula de teodrama voce fez citacao de Agostinho trazendo a doutrina da trindade. Mas eu estive lendo alguns livros afirmando que Tertuliano que viveu no seculo II d.C , tenha sido o primeiro a citar sobre a trindade. Então a igreja primitiva já tinha conhecimento sobre a trindade? Porque alguns estudos de judeus rabinos dizem q a manifestação pra "pinei" em Gn seria as diversas manifestações de Deus pra humanidade, com essa afirmação eles tiram a doutrina da trindade (Porque não aceitam o Filho: Jesus), daí fique pensando sobre isso, já que os apóstolos eram judeus.

@igorpensar disse...

Lucas,

Excelente pergunta! Sim, o termo trindade foi cunhado por Tertuliano no II séc. d.C. Apesar do termo em si não aparecer na Bíblia, como muitas outras expressões que usamos na teologia, ela é o nome usado para identificar a compreensão de uma verdade fundamentalmente bíblica.

A trindade é resultado final de uma evolução teológica complexa com raízes nas formulações judaicas encontradas nos Targumim (versões aramaicas do Antigo Testamento) e em outras tradições teológicas. O termo "pnei" pode ser um exemplo da "multifacetada" presença de Deus na história. Lembro-lhe que o termo "persona" (pessoa) usado pela trindade tem o sentido teatral de "máscaras".

De fato, não há qualquer problema na tradição hermenêutica judaica antiga, em reconhecer que as aparições em forma humana de Deus, chamado em aramaico de "memra" (palavra/verbo) é uma aparição "hipostática" de Deus mesmo. Como há a associação de "shechiná" com o Ruach Elohim (Espírito de Deus).

Um bom trabalho para entender as raízes no judaísmo da doutrina da trindade são os capítulos sobre cristologia do Oskar Skarsaune em A Sombra do Templo.

Obrigado pela pergunta, muito rica e enriquecedora.

Abraços,
Igor

Teste disse...

Igor, aqui na Sociedade Cristã Acadêmica (UNB), o Dudu Barnabé trouxe uma série de estudos sobre Trindade com seus textos. Confesso que, pra mim, foi a parte mais edificante do primeiro semestre de nossos trabalhos!

Um abraço saudoso de Brasília!