25 de mar. de 2014 | By: @igorpensar

Trindade: mitos de seus opositores

1) A Trindade é uma doutrina de homens.
R.: Não há doutrina divina que não passe pela interpretação humana. Deus quis que fosse assim, por isso, disse que o Espírito nos guiaria a toda verdade. A interpretação sempre esteve no cristianismo desde seu nascimento. Lembra de Atos 8? O etíope não sabia o que estava no profeta, Felipe interpretou.

2) Trindade é uma palavra que não está na Bíblia.
R.: A palavra "Bíblia" também não aparece na Bíblia, mas usamos o termo para nos referir ao conjunto de obras que consideramos infalíveis e divinamente inspiradas. Um termo não bíblico, para se referir à Bíblia. Trindade é o "apelido" para uma série de verdades bíblicas, que se harmonizam, nos revelando a natureza de Deus.

3) Trindade é idolatria, politeísmo ou triteísmo.
R.: Jamais. A Trindade foi elaborada justamente para proteger a fé cristã de uma interpretação não-monoteísta. O arianismo, a primeira heresia a respeito da natureza de Deus, sustentava que Cristo era a mais elevada das criaturas, e que ele era o que havia de mais próximo da divindade. Por isso, uma "criatura divina". O que o colocava na condição de um "outro" deus, e pior um "deus criado". O que implicaria em um golpe direto nas incontáveis afirmações bíblicas sobre a unidade de Deus. Idolatria é adorar a criatura ao invés do criador. Foi nisso que deu a primeira tentativa de oposição à Trindade.

4) A Trindade é de origem pagã, pois em várias culturas pagãs encontram-se tríades (trios de deuses).
R.: Em todas estas culturas não há nada equivalente à afirmação trinitária de que a natureza destas divindades é única e indivisível. Ao contrário, cada uma das divindades que formam a tríade divina pagã, possuem natureza ou "seres" distintos. São três divindades. Afirmar isso, na trindade, seria heresia. Quando se fala "três" na trindade, não tem o mesmo sentido de quando se diz "um". No paganismo, a unidade é mero "sinergismo", e as divindades são diversificadas. No cristianismo, a unidade é essencial, a natureza divina é una e indivisível. Enquanto que nesta unidade divina, há uma diversidade de "personas" (pessoas), cada qual cumprindo uma função ou papel distinto na divindade. Logo, dizemos "três" em referência às distinções entre Pai, Filho e Espírito Santo. Mas, dizemos "um" quanto à divindade.

5) Mas, cristãos dizem "Deus Pai", "Deus Filho" e "Deus Espírito Santo", pra mim parece óbvio que são três deuses.
R.: Mais uma falha na compreensão da história e do desenvolvimento da doutrina cristã. Nenhum dos precursores na compreensão teológica da divindade na trindade, quando usavam a expressão "Deus" três vezes, pensavam em três divindades independentes. Pensavam, que os três compartilham de uma única natureza. Como disse Atanásio: "O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, mas não são três deuses." O uso triplo da expressão é apenas para expressar de forma didática que as pessoas da trindade compartilham de uma única natureza divina.

6) Vocês se isentam do debate sobre a Trindade, se escondendo atrás do argumento do "mistério".
R.: O argumento do mistério é uma questão de modéstia. A divindade em um sentido é inescrutável, mas quis se revelar por meio das Escrituras e por sua criação. Sendo estas as fontes que temos, podemos sim, vislumbrar e tirar algumas conclusões sobre o que Deus é e não é. Mas, não podemos tirar conclusões a ponto de esgotar a divindade. Em um sentido, Deus é mais do que a trindade pode explicar, mas em outro sentido, este Deus não pode ser menos do que isso.

7) A Trindade não é relevante para minha salvação.
R.: A Trindade não é meramente uma doutrina com implicações intelectuais. Ela é a narrativa ou história de como Deus se revelou e salvou os homens. Se Cristo não for plenamente divino, como Deus aplacaria o pecado? Se Cristo não for plenamente humano, que humanidade ele está salvando? Se o Espírito Santo não for plenamente divino, como podemos dizer que temos um relacionamento com Deus? Afinal, o Pai é exaltado, o Filho está a sua destra e tem a exclusividade da mediação com o Pai, e sendo nossa relação com Deus o Pai, em Cristo e no Espírito Santo. Seria impossível pensar em um relação com Deus fora do Espírito. E pior, se o Espírito Santo é mera energia impessoal, estamos lascados, pois nosso acesso à Cristo dá-se pelo Espírito Santo. E é inadmissível que uma "energia" seja nossa interface de contato com Cristo. Uma leitura cuidadosa de Efésios 1, pode-se ver que Pai, Filho e Espírito Santo, cooperam em uma harmoniosa obra para "eleger" (Pai), "redimir" (Filho) e "selar" (Espírito Santo). Então, tenha cuidado ao dizer que a Trindade não é relevante para a salvação.

Bem, desculpem, mas escrevi este texto depois de um café do Sul de Minas, precisava dar explicações para perguntas que são absurdamente frequentes. Revisarei o texto depois, vão lendo aí.

Autor: Igor Miguel 

1 comentários:

Flaviano Filho disse...

Parabéns irmão Igor!

Excelente resposta.