Por Igor Miguel
Já fiz aqui no Facebook uma objeção sobre “alguns discursos” (as aspas são para os que leem apressadamente) que permeiam alguns dos envolvidos com a missão integral. Agora, permita-me fazer uma menção honrosa. Bem, vale lembrar que o uso do termo “integral” associado à missão é, em algum sentido, uma redundância necessária. Uma leitura cuidadosa das Escrituras, e uma visita à história cristã, nos conduzirá à conclusão de que a cristandade não reduzia a “missão” ao “anúncio”. Mas, incluía o “anúncio” à missão. E que a missão cristã é anunciar, mas também testemunhar.
O anúncio é a boa notícia de que os homens estão sendo reconciliados gratuitamente com Deus por meio de Jesus Cristo. O discipulado, que acontece de forma intricada ao anúncio, instrui o assim chegado à família de Deus que ele acabara de entrar em uma realidade nova. Que agora, ele vê e vive o mundo real, que sua relação com o mundo e as pessoas dá-se por meio de uma nova cultura. E, por ser ele do mundo real, e este mundo pecaminoso um mundo fictício, ele viverá tensões culturais titânicas. Por esta razão, sua mensagem e estilo de vida relacionam-se a realidade que Deus estabeleceu. Assim, o discípulo torna-se um anunciador, mas também um missionário que atua a partir de uma nova cidadania, que implica em uma ação consistente com a cultura do Reino de Deus.
Neste ponto, coaduno com a redundância do termo “missão integral” (como se fosse possível uma missão cristã que não fosse integral). No sentido de que a missão cristã é abrangente, aprecia o anúncio do Evangelho, mas também evoca outras tarefas e serviços ligados a nova vida no Reino. Dentre eles, a luta contra a injustiça e a afirmação da integralidade da vida humana.
O embaixador do Reino olha para a violência urbana, a desigualdade, a impunidade, o estatismo tecnocrata, o individualismo tirânico e se sensibiliza. Verdade, ele também se angustia, lamenta e se inquieta. Porém, logo é atingido pela fé, a esperança e o amor que o convocam ao anúncio, mas também, ao testemunho com obras que comunicam o estilo de vida e ordenamento do novo mundo (re)criado em Cristo Jesus. Neste sentido, a missão é definitivamente integral. Pois, não há nenhum aspecto do mundo ou da vida humana que Deus não tenha reavisto em Cristo na cruz. 'Ele tem reconciliado todas as coisas consigo mesmo' (Cl 1:20).
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