9 de abr. de 2014 | By: @igorpensar

Cidade da Missão

Ser cristão na cidade tem implicações muito sérias. A modernidade criou desafios missionários complexos. A realidade não é tão unitária, de alguma forma, a história caminhou para a segmentação das diversas áreas da vida: economia, política, ciência, arte e assim por diante. Na cidade, a modernidade é experimentada de forma mais evidente, ela mesmo é em alguma medida um substrato de movimentos modernos.  Sendo assim, a tarefa missionária de nosso tempo é igualmente complexa. 

Pense em Paulo na "pólis" grega, Atenas (Atos 17). Ele passa pelos altares, mas também pelos autores de seu tempo. Faz uma leitura antropológica da dinâmica religiosa e cultural, utiliza-se de autores "seculares" que conhecia, conecta-os ao Evangelho e vai à arena cultural, o Areópago (a internet da época ou uma livraria?). Lá, traduz o Evangelho. Mas, é este olhar entre prédios, arenas culturais, altares simbólicos e a busca religiosa dos cidadãos que desafiam o missionário que peregrina em mundo líquido. Agora, me refiro a nossa missionalidade. 

De alguma forma, um missionário urbano é como Cristo que chora sobre a cidade de Jerusalém, ama-a, mas sabe que está prestes a ser julgada. Mesmo assim, insiste em viver por ela, e a morrer por ela. Não por ter encontrado nos encantos da cidade respostas, mas porque encontrou nos cantos da cidade sua missão. Ele vive e morre pela cidade, porque Cristo amou a cidade. Cidade de Deus, cidade dos homens. E ele continua agindo pela esperança de uma nova cidadania que descerá dos céus (Ap. 21), na verdade é isto que ele de/anuncia: que este projeto civilizatório é um anseio desarmônico da alma por uma cidade que não foi feita por mãos humanas. 

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Igor Miguel


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