Se o grande defensor da fé cristã G.K. Chesterton estivesse vivo, o que ele diria a respeito do assassino e suicida do Realengo? O que diria? Uma das melhores explicações sobre o suicídio que já li em minha vida, foi a que encontrei em Ortodoxia. Uma obra publicada em 1908 e que reflete muitas impressões sobre as contradições da vida moderna.
Não quero escrever nada sobre o acontecido, apenas cito um profeta, para que de suas palavras, possamos refletir sobre o acometido que chocou a população brasileira. Em meu caso, como educador, é muito difícil assimilar ou processar o que aconteceu com crianças de uma faixa etária que lido todos os dias da semana.
Ficam aí as palavras de Chesterton:
O suicídio não só constitui um pecado, ele é o pecado. É o mal extremo e absoluto; a recusa de interessar-se pela existência; a recusa de fazer um juramento de lealdade à vida. O homem que mata um homem, mata um homem. O homem que se mata, mata todos os homens; no que lhe diz respeito, ele elimina o mundo. Seu ato é pior (considerado simbolicamente) do que qualquer estupro ou atentado a bomba, pois destrói todos os prédios; insulta a todas as mulheres. O ladrão se satisfaz com diamantes; mas o suicida não; esse é seu crime. Ele não pode ser subornado, nem com as cintilantes pedras da Cidade Celestial. O ladrão elogia os objetos que furta, quando não elogia o dono deles. Mas o suicida insulta a todos os objetos da terra ao não furtá-los. Ele conspurca dada flor ao recusar-se a viver por ela. Não existe nenhuma criatura no cosmos, por mínima que seja, para quem a sua morte não é um escárnio. Quando alguém se enforca numa árvore, as folhas poderiam cair de raiva e os pássaros fugir em fúria, pois cada um deles recebeu uma afronta direta. Obviamente pode haver patéticas desculpas emocionais para o ato. Geralmente as há para o estupro, e quase sempre para o atentado a bomba. [...] Obviamente um suicida é o oposto de mártir. Um mártir é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece de sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que ele quer ver o fim de tudo. Um quer que alguma coisa comece; o outro, que tudo acabe. Em outras palavras, o mártir é nobre, exatamente porque (embora renuncie ao mundo ou execre toda a humanidade) ele confessa esse supremo laço com a vida; coloca o coração fora de si mesmo: morre para alguma coisa. O suicida é ignóbil porque não tem esse vínculo com a existência: ele é meramente um destruidor.
G.K. Chesterton em Ortodoxia, p.120-122.
3 comentários:
Diante da tragédia em Realengo, realmente essas palavras de Chesterton se fazem oportunas. Uma boa postagem.
Abraço e fique na paz.
Maninho,
Tomei a liberdade de copiar o artigo e postar em meu blog, com o devido reconhecimento de fonte. rsrs
Abração
Everson
Que texto bacana professor. Realmente ele (o autor) expõe de uma forma bem clara.
Fique na paz e abraços...
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