1 de jul. de 2013 | By: @igorpensar

Corruptus Sum

Ele passa pela deformidade e se esforça para sair intacto do outro lado. Como um tolo, anda ao redor da alma quase engolido por sua insensatez. Prende a respiração e vai, meio que criando dispositivos psicológicos para ignorar a presença do feio. Se pudesse, teria um botão de não-existência, um tipo de tecla "delete" ontológico, fria indiferença. As racionalizações são as mais sombrias. Em milésimos, dezenas de conexões falaciosas são elaboradas: a culpa é do poder público, a culpa é do egoísmo do outro, a culpa é do empresariado, da igreja ou dos detentores do poder e da burguesia. Enfim, esquece-se que a luta é contra si mesmo, que o outro não passa de mero reflexo de sua própria perversidade. Sua agenda revolucionária é contra a corrupção que eventualmente pode corromper até mesmo o "oprimido" diante de algumas migalhas de poder. Desta forma, curva-se à velha tentação de torna-se como Deus. E, finalmente, torna-se exatamente aquele contra quem lutava, torna-se exatamente como sempre foi: corrompido.

Igor Miguel

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