Claro que os fins não justificam os meios. Mas ainda é possível dizer se um determinado "fim" teve efeitos benéficos ou não. Uma pessoa que ajuda um morador de rua doando-lhe um cobertor em uma noite fria, ainda que o faça por motivos moralistas ou procurando alívio para sua consciência, faz uma ação social e objetivamente boa, apesar de essencialmente comprometida. Quando Ciro, liberou os israelitas a retornarem para Jerusalém durante o exílio, não o fez baseado em pressupostos piedosos, ele era pagão. Ainda assim, chamado de "ungido". Os poderes ainda são constituídos por Deus. Nestes termos, não acho suficiente, o que não significa que não seja fundamental, adotar a moldura ideológica como único critério para se votar em alguém.
Se um candidato tem como matriz ideológica o marxismo, paradigma que tenho reservas por "n" motivos, e propõe um plano de ação que favorecerá a justiça pública, o ordenamento social e a proteção da dignidade humana, devo considerar seriamente que este sujeito seja digno do meu voto. Logo, o critério ideológico, principalmente na atual conjuntura política, não pode ser o ÚNICO critério, ele parece demasiadamente insuficiente. Associado a ele, parece plausível considerar o que mencionei acima: a competência e as intenções objetivas em relação à vida em sociedade.
Um marxista pode se engajar em questões públicas melhor do que muita gente liberal, ainda que por razões altamente questionáveis. Da mesma forma, um liberal pode fazer coisas que são de alta relevância pública, ainda que, por razões igualmente questionáveis. Assim, não deixe que o critério ideológico seja o único instrumento de análise de um candidato, leia sua plataforma de ação, considere seu histórico e ore pedindo a Deus sabedoria neste momento tão importante.
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