Não tenho dúvida de que o movimento pietista tem seu lugar na história do protestantismo. Mais tarde, as marcas de sua ênfase na conversão pessoal, permearão as diversas tradições cristãs, até mesmo a católica (movimento carismático). Não dá pra lidar com a fé em Cristo de forma apenas cognitiva, impessoal e árida. A ênfase evangélica era uma denúncia ao nominalismo (cristãos nominais), a uma adesão fria e formalista ao Cristo e ao cristianismo.
Porém, agora, também percebo outra ameaça: novos cristãos nominais, porém, aqueles cheios de trejeitos emocionalistas, que reproduzem uma performance corporal e enfatizam excessivamente a experiência. Nestes casos, acabam se tornando um tipo de cristão místico, etéreo e em busca por um êxtase, um tipo de arrebatamento da realidade. Não poucas vezes, se acham mais cristãos ou mais espirituais do que aqueles de ambientes liturgicamente mais estruturados ou rotulados como "menos expressivos". Também é verdade que comunidades mais tradicionais tem seus ídolos, como Kevin DeYoung observa, entretanto, eles estão em grande desvantagem, se comparados com a grande massa evangélica. Entre estes, e reconheço que há algo no evangelicalismo de extremo valor, há muita gente que vive de chavões, maneirismos e gesticulações, ou seja, querem a performance, mas não querem o conteúdo.
Minha pergunta então é bem objetiva, a mesma que foi feita por cristãos pietistas no século XVII, ante o formalismo de outrora: são cristãos? Faça perguntas simples sobre doutrinas caras ao protestantismo: o que é justificação? O que é regeneração? O que é a adoção? Como o homem é santificado? Por que Cristo? Por que a cruz? Por que a ressurreição? Por que a mediação de Cristo? O que é a trindade? Faça essas perguntas e você verá um novo nominalismo, só que agora com um pouco mais de coreografia.
0 comentários:
Postar um comentário