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Projeto Arte e Prosa: Edição Especial
7 a 9 de dezembro
Para o pedagogo, teólogo e mestrando em língua hebraica, literatura e cultura judaicas pela Universidade de São Paulo (USP), Igor Miguel, que também é autor do site www.teologo.org, o problema está ligado a uma crise de identidade generalizada da Igreja Evangélica, em toda a América Latina. “Após o impacto negativo do neo-pentecostalismo, a comunidade evangélica passou a pautar muito de sua fé em um tipo de ‘sentimentalismo’, ou seja, uma busca por ‘experiências emocionais’ com pouca memória e pouca solidez em educação bíblica e histórica”. E acrescenta: “Poucos cristãos conhecem o longo patrimônio doutrinário e espiritual acumulado pelo Cristianismo. Pensam que Deus só agiu na era dos apóstolos, ou em casos mais generosos, após a Reforma Protestante, no século 16. Esquecem-se que Deus nunca perdeu o sentido da história e que o Cristianismo, entre a era apostólica e a Reforma, também é nosso Cristianismo”.
Igor fala com propriedade, pois ele mesmo, tendo dado os primeiros passos da vida cristã numa igreja pentecostal, viu-se envolvido e fascinado pela proposta de um grupo neo-judaizante, que se afirma empossado da “restauração das raízes judaicas da fé cristã” no Brasil, onde permaneceu ativamente por dez anos, motivado por um desejo restauracionista de viver o que a Igreja primitiva vivia. “Ao longo deste período, escrevi vários artigos questionando muitos dos ensinamentos clássicos da fé protestante e cristã, como a Trindade, por exemplo”. Ele afirma que o ponto mais problemático destes movimentos é a falta de centralidade de Cristo e do evangelho: “A maioria destas pessoas insiste em procurar algum tipo de ensinamento ‘novo’ ou ‘redescoberto’ que resolva os dilemas críticos com que a fé cristã se depara. Aproveitam-se da fragilidade da Igreja de Cristo, para disseminarem seus ensinos e esquecem que foi exatamente o abandono de uma fé cristocêntrica que sempre comprometeu o que é cristianismo de verdade”.
O retorno de Igor Miguel a essa centralidade de Cristo e da fé cristã autêntica deu-se por meio de estudo de textos apologéticos (de defesa da fé) e de renomados teólogos cristãos, e, acima de tudo por passar a conhecer a vida e os escritos de homens de Deus que, ao longo da história da Igreja, foram fieis ao Senhor e à Palavra, criticando rumos errados e ensinando a Igreja em suas épocas, sem nunca pretender abandoná-la. Ele cita “Tertuliano, Atanásio, Irineu de Lion, Agostinho de Hipona, João Calvino, Martinho Lutero, Abraham Kuyper, Francis Schaeffer, C.S. Lewis, Herman Bavink, John Stott, Louis Berkhoff, que me levaram a um cristianismo robusto, cristocêntrico e criativo”, explica. Hoje, após essa (re)descoberta do verdadeiro cristianismo e de redigir uma declaração pública de arrependimento pelo que creu e pregou naqueles dez anos (que pode ser encontrada no seu site), tornou-se um defensor do Cristianismo e das doutrinas bíblicas, dando ênfase em manter-se uma fé conectada à história da Igreja e à tradição cristã.